O que a gente menos vê no Brasil é apreço pela democracia

Comentei, na Live UOL de hoje (25), a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de obrigar que o eleitor entregue o celular ou qualquer outro aparelho eletrônico antes de entrar na cabine de votação no dia da eleição. O objetivo da medida, segundo o órgão, é garantir o sigilo do voto, previsto na Constituição.

Caso o eleitor se recuse a entregar o aparelho, estará cometendo um crime eleitoral e a Polícia Militar poderá ser acionada pelo juiz da seção.

Na decisão, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, lembrou —sem ter uma dimensão real do problema— que eleitores mal-intencionados poderiam fazer vídeos do momento da votação e publicar suas versões editadas, nas redes sociais.

Com a medida, o ministro lança uma espécie de provocação e desafia o eleitor a descumprir a determinação. Mostra que, em nome da democracia, pode provocar mais caos do que Jair Bolsonaro (PL), nas eleições, com o pretexto de combater justamente as ameaças dos grupos que defendem as teorias absurdas do presidente.

O que menos vemos no Brasil é o apreço pela democracia. Decisões como a do TSE, que parecem ser tomadas mais por orgulho, tratam todos os cidadãos como se fossem delinquentes. Estão baseadas na ideia de que o autoritarismo deve ser combatido com mais autoritarismo, uma fórmula que realmente não funciona.

Na Live UOL de hoje, falamos também sobre o tuíte de Bolsonaro, no qual voltou a chamar os atos pela democracia de "cartinha de demagogos"; e sobre o ministro das Comunicações, Fábio Faria, que reclamou da diferença no tratamento entre Ciro Gomes (PDT) e Bolsonaro, no Jornal Nacional (TV Globo).

Ao lado de Felipe Moura Brasil, debato os principais assuntos do país diariamente, das 17h às 18h, com transmissão ao vivo nos perfis do UOL no YouTube, no Facebook e no Twitter.