Bolsonaro acha que ir a debate é o mesmo que depor em delegacia?

A entrevista do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao programa Pânico, da Jovem Pan, foi um dos temas da Live UOL de ontem (27).

Ao longo de quase três horas, em clima descontraído e sem ser confrontado, o presidente comeu, falou palavrões, se classificou como "um cara meio tosco", reclamou que seu filho Carlos é visado para ser preso, valorizou a lealdade do ministro da Economia, Paulo Guedes, e disse que "deve" ir ao debate, promovido por UOL, Folha de S.Paulo, Grupo Bandeirantes e TV Cultura, neste fim de semana.

"Eu devo estar no domingo. Achava que não, mas agora acho que devo ir. Mas vou ser fuzilado, vão atirar em mim o tempo todo porque eu sou o alvo compensador para eles. Mas acredito que a minha estratégia vai dar certo porque as perguntas já me preparei como fazê-las e as respostas vai (sic) ser simples, no tocante a responder eu não devo nada, então é tranquilo responder essas acusações que fizeram ao longo do tempo todo aí nas mídias, no tocante à covid", afirmou durante a entrevista.

Ao dizer "não devo nada", Bolsonaro parece confundir o debate com uma delegacia. Talvez esqueça que não está sendo convidado para prestar depoimento como acusado de algo. Como presidente da República, tentando a reeleição, se esquece de que deve, sim. E deve tudo. Para um candidato, um "não devo nada" não existe, já que todo o tipo de satisfação deve ser dada, quando se quer conduzir o destino de um país.

Com a frase, mostra que está confundindo um debate eleitoral com uma das coisas que mais teme: inquérito policial.

Na Live UOL de hoje, falamos também a entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao Jornal Nacional (TV Globo), tema da minha coluna "Lula gourmet fala duas vezes em fascismo e nenhuma em Fome Zero", que você pode ler aqui.

Ao lado de Felipe Moura Brasil, debato os principais assuntos do país diariamente, das 17h às 18h, com transmissão ao vivo nos perfis do UOL no YouTube, no Facebook e no Twitter.