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Acertar na Defesa, como o PT já fez com Aldo Rebelo e Jobim, é decisivo
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Nunca antes na história desse país foi tão fundamental acertar a mão no comando das Forças Armadas. Estamos num meio de caminho entre ter ou não os militares no poder. Jair Bolsonaro fez um governo institucionalmente civil em que militares passaram a ocupar milhares de funções na máquina pública.
Foi durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso que se criou um Ministério da Defesa nos moldes que temos hoje. Não era uma ideia nova, mas algo que se tentou desde 1967.
O problema era fazer a fusão de Exército, Marinha e Aeronáutica sem que uma força se sobrepusesse a outra. Castelo Branco encomendou estudos a respeito, mas houve sempre muita resistência.
Eram três ministérios separados até que FHC pactuou um Ministério da Defesa. Teve condições que talvez nenhum outro que o antecedeu pudesse conseguir, devido à combinação entre a familiaridade com a cultura militar e o fato de ser civil.
O presidente é filho e neto de generais do Exército. O pai, Leônidas Cardoso, passou para a reserva como general-de-brigada apesar de ter participado das três revoltas tenentistas. Depois, como civil, entrou na vida política e jornalística.
Quem tentava unificar a pasta antes eram militares. FHC é civil com profundo conhecimento da cultura militar e respeitado pelos comandantes. Chegou a um modelo de Ministério que fosse um ponto de equilíbrio.
Já tivemos muitos problemas com ministros da Defesa, mas nada foi tão desastroso quanto a ideia de colocar o Exército à frente da pasta. Em um único mandato, Jair Bolsonaro teve quatro ministros diferentes, trocas decorrentes de crises políticas, algo que ninguém enfrentou antes.
Há um padrão nos governos anteriores, de FHC, Lula e Dilma. Um ministro é nomeado, fica mais ou menos um ano, depois cai por crise ou reforma ministerial e então entra outro que vai até o final do mandato.
É como se houvesse sempre uma fricção inicial e depois as coisas se ajustassem. Quando se colocou um militar à frente da pasta, foi crise atrás de crise. Isso sem falar nos problemas de imagem que a mistura com a política trouxe ao Exército Brasileiro, um passivo completamente desnecessário e indesejado.
Escolher o civil certo para o cargo é, até onde se sabe, um talento que o presidente Lula tem. O PT nunca teve problemas com as Forças Armadas nos quatro mandatos e teve ministros que realmente se destacaram na pasta, como Aldo Rebelo e Nelson Jobim.
O primeiro causou furor ao ser anunciado. Como poderia um comunista comandar a pasta das Forças Armadas? No final, ele tinha muito mais entendimento dos valores militares do que fazia crer o clichê e conseguiu fazer uma transição tranquila para outro civil, Raul Jungmann, mesmo diante de uma ruptura como o impeachment.
Agora o desafio é maior porque houve uma desorganização das forças com a nomeação de tanta gente para postos civis. É uma temeridade alimentar a ambição e o ego de quem deve priorizar hierarquia e disciplina. Isso foi feito sem nenhum controle.
Militares são seres humanos. Muitos experimentaram nas funções civis um nível financeiro e capacidade de mando que não vão experimentar na volta à vida militar.
Há ainda um outro problema, a ascensão ao poder de militares e policiais que se insurgiram contra seus comandantes, principalmente via redes sociais. A quebra de hierarquia levou muita gente às casas legislativas nesta eleição e na passada, é uma cultura perigosa.
Isso sem falar no fetiche que a militância bolsonarista passou a cultivar pelas Forças Armadas, principalmente o Exército.
Aloizio Mercadante está conduzindo o debate público muito bem. É civil e conhecedor da cultura militar, filho do General Oliva, que comandou a Escola Superior de Guerra.
Disse que Lula deve anunciar o nome pessoalmente na segunda-feira. Usou tom moderado e deu ao cargo a importância que merece. Ser o primeiro anúncio também mostra que é prioridade. O único problema é que não existe nenhum espaço para erro agora.
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