Se Brasil fosse sério, silêncio de Bolsonaro seria tratado como algo grave

Na Live UOL desta segunda-feira (28), falei sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL), que participou —em silêncio— do primeiro evento público, quase um mês depois de sua derrota para o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Recluso desde o segundo turno, Bolsonaro deixou o isolamento do Palácio da Alvorada e compareceu à formatura de aspirantes a oficial-general na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), no Rio de Janeiro.

Sem discurso, ele apenas acenou para apoiadores reunidos do lado de fora do evento, que gritavam "eu autorizo" —em referência a um golpe de Estado. No local, também havia um acampamento pedindo intervenção militar.

O atual presidente está sem se pronunciar publicamente desde 2 de novembro, quando gravou um vídeo pedindo o desbloqueio de rodovias por apoiadores fanáticos, inconformados com a derrota.

Sem ainda ter reconhecido oficialmente a vitória de Lula —rito considerado uma forma de respeito à democracia— Bolsonaro também deixou de fazer suas lives, hábito que manteve semanalmente durante todo o mandato, inclusive durante internações hospitalares, e chegou a passar 20 dias sem aparecer em seu local de trabalho.

A banalização do silêncio do presidente mostra que, corroído pelo bolsonarismo sob vários aspectos, o brasileiro não estranha mais nada. Se fôssemos um país sério —com uma oposição preocupada com o que se deve e não apenas em lacrar nas redes sociais— seu comportamento seria considerado algo muito grave.

Na Live UOL, falamos também sobre os insultos ao cantor Gilberto Gil, em um estádio da Copa; sobre o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), flagrado curtindo a vida no Qatar; e sobre o comportamento agressivo do deputado federal reeleito André Janones (Avante-MG), nas redes sociais —tema também da minha coluna, que pode ser lida aqui.

Com Felipe Moura Brasil, debato os principais assuntos do país diariamente, das 14h às 15h, com transmissão ao vivo nos perfis do UOL no YouTube, no Facebook e no Twitter.