Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Flavio Dino dança à beira do precipício ao ceder à lacração na PRF
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Ataques em enxame nas redes sociais viraram o tapetão da política e não é de hoje. Bolsonaristas foram mestres em se aproveitar da ignorância digital do brasileiro que, mesmo adulto e vacinado, ainda acredita que existe espontaneidade nas redes sociais. Não existe.
Existe uma grande massa de pobres coitados que trabalham de graça alimentando os algoritmos das Big Techs pensando que estão usando as redes sociais. Se você não está usando com intencionalidade, você está sendo usado. Se você não está pagando, você é o produto.
Uma das táticas mais elementares de Steve Bannon, difundida também por Olavo de Carvalho, é a de atacar em enxame separando a ovelha do rebanho.
Um punhado de influencers já orquestrados mira numa pessoa e aponta um erro que ela tenha cometido ou inventa um erro que ela tenha cometido. Não pode ser uma lista, tem de ser uma única pessoa, para que ela não tenha defesa.
Os otários de redes sociais vão entrar nesse frenesi de atacar a pessoa que eles mal conhecem por razões que também ignoram. A liberação de dopamina ao ser reconhecido pelo grupo com likes e compartilhamentos dá sentido à vida de quem tem medo de enfrentar os próprios demônios.
Ser "militante" é como se fosse um artigo de luxo. A pessoa acorda às 11h, grita para a mãe pedindo leite com cereal, coloca a pantufa, vai para as redes sociais e procura alguém para apontar o dedo, ridicularizar, simplificar intelectualmente, difamar ou até ameaçar. O sentimento é o mesmo de invadir a Baía dos Porcos, só que sem o incômodo de fazer revolução.
Bolsonaristas - e sobretudo olavistas no governo Bolsonaro - passaram o governo todo usando esses métodos para conseguir o que não haviam conseguido em negociações. Esculachar alguém com ataques em enxame, chamados de "raids" entre os gamers, serviu para derrubar gente e ganhar espaço.
Agora, os Che Guevaras de apartamento do PT fizeram a mesma coisa. Flavio Dino resolveu ceder à lacração. Talvez porque seja um político experiente e um homem sério imagine que são sinceros sobre os temas que tratam e tinham um ponto. Ocorre que o único ponto é ganhar no grito e transformar os outros em capachos dóceis.
A historinha da Disney contada sobre a escolha do novo diretor da PRF é típica do parque de areia antialérgica da sociedade. Teria sido escolhido e, de repente, alguém "descobriu" um post antigo que gerou revolta. Tem adulto acreditando nisso.
Não é assim que um futuro ministro da Justiça escolhe alguém encarregado de pacificar e reestruturar a carreira da categoria policial que foi mais afetada pelo furacão bolsonarista. E, aliás, não foi assim aleatória a escolha.
Havia três nomes na mesa: Fabricio Rosa, Páris Barbosa e Edmar Camata. Todos os três fizeram planos concretos para o futuro da PRF e dialogaram com a categoria. Andrei Rodrigues, futuro diretor da Polícia Federal e segurança particular de Lula, também participou das rodadas de conversa que cacifaram o nome de Camata.
Digo que é impossível ser surpresa o apoio à Lava Jato ou até mesmo o post. Flavio Dino e Andrei Rodrigues precisariam ser aqueles imbecis de comédia do Ronald Golias para que essa possibilidade existisse. Não são. São homens competentes.
A outra possibilidade é que esses nomes tivessem sido escolhidos em sorteio como do programa do Bozo ou do Xou da Xuxa. Segundo apurei, ninguém nem cogitou esse método.
Além disso, se apoiar a Lava Jato e a prisão de Lula passarem a ser motivos para vetar participação no governo, o que farão com o vice Geraldo Alckmin?
Edmar Camata ficou sabendo da mudança pela televisão, não foi nem avisado antes pelo futuro ministro. Flavio Dino dança à beira do precipício ao ceder à lacração. Agora virou refém e alvo preferencial.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.