Natália Portinari

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Incra apura uso de caminhonetes alugadas por primo de Lira

O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), órgão do governo federal, está apurando o uso de caminhonetes durante a gestão do primo de Arthur Lira (PP-AL), César Lira, à frente da superintendência de Alagoas.

O órgão foi informado de que cinco caminhonetes 4x4 alugadas não estavam sendo usadas na sede do Incra e que não havia registros dos horários de entrada e de saída, como deve acontecer com carros oficiais.

O contrato, que custa R$ 363 mil ao ano para o governo federal, foi firmado em dezembro de 2023. Antes disso, havia outro contrato, que venceu. César Lira ocupava o cargo desde o governo Michel Temer.

Três caminhonetes foram devolvidas ao órgão na última semana, após a exoneração do primo de Lira, e duas ainda não voltaram para a garagem.

O órgão vai investigar se os carros ficavam a serviço de agendas pessoais de César Lira e de assessores dele.

Procurado, o primo de Lira disse ao UOL que já devolveu o carro que era usado por ele e que cabe ao Incra fazer a gestão dos demais veículos.

César Lira foi demitido na terça-feira da semana passada (16), gerando indisposição do governo Lula com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Movimentos sociais pressionavam pela saída do superintendente desde o início da gestão petista.

O Incra disse ao UOL que, a pedido da Diretoria de Gestão Operacional da autarquia, "a superintendência do Incra em Alagoas encaminhará as informações sobre o contrato, bem como o controle a respeito das entradas e saídas dos veículos para fiscalização".

Indicação de aliado

Após a saída de seu primo, o governo garantiu ao presidente da Câmara que ele manteria sua influência sobre a indicação de um novo superintendente.

Arthur Lira já avisou o Palácio do Planalto que deseja indicar Junior Rodrigues do Nascimento, aliado tanto seu como de César Lira. Nascimento é presidente do Instituto Naturagro, entidade credenciada em 7 de março deste ano para receber verba do Incra de Alagoas.

O Incra é encarregado de fazer repasses a entidades que representam os beneficiários do programa nacional de reforma agrária, caso do Instituto Naturagro. Fontes do governo ouvidas pelo UOL apontam que, se assumir a superintendência, Nascimento teria que se afastar do instituto.

Acusação de desvio de diárias

Durante sua gestão, César Lira foi acusado também pelo Ministério Público Federal (MPF) de desviar diárias "fictícias" de viagem, pagas pelo governo a funcionários terceirizados.

Com base na investigação, o MPF acusou César Lira de improbidade administrativa. Em novembro de 2023, o juiz responsável considerou que não havia provas suficientes para condenar o ex-superintendente, julgando a ação improcedente. O MPF ainda pode recorrer da decisão.

O inquérito na PF deu origem também a uma investigação por crime eleitoral, cujo resultado e andamento atual são sigilosos.

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