Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Caçulinha cospe na mãe; segue exemplo de papai Bolsonaro, que cospe no povo
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Filhinho de papai, o Zero 4 enche a boca de água e cospe na mãe. Que se rende à falta de modos do neném.
Exemplos são copiados com entusiasmo pela prole do capitão. A falta de modos, a rudeza, o escárnio, a ausência de discernimento, mais uma capacidade inconteste de fazer a multiplicação de pães, peixes e peixes, como no milagre bíblico.
Os R$ 89 mil depositados na conta de Michelle, sem explicações para a fonte dos recursos, são a demonstração dessa capacidade bíblica, aliás replicada pelo filho mais velho do capitão.
Bem-sucedido, o Zero qualquer coisa, dono de mansão em Brasília, comprada com soldo de senador, fez o milagre da multiplicação dos chocolates e, graças a seu talento, ocupa casarão com 1.100 metros quadrados. Enquanto isso, as investigações sobre o crime de peculato - nome carinhosamente chamado de rachadinha - esfria.
O exemplo dos pais, forma mais eficaz de educar filhos, mostra que a crença é fundamentada. Renanzinho, o tal do cuspe na mãe, por exemplo, confirma o talento da família para bons negócios e boas relações.
Ganhou de presente, ano passado, um carrinho elétrico estimado em R$ 90 mil, de empresários que também, magicamente, tiveram acesso a ministro de estado, em audiência presenciada pelo caçulinha.
São exemplos que constroem hábitos, daí vícios. Demonstrações públicas de falta de respeito - em nome de uma espontaneidade sem limite - são apenas a expressão do tosco, do rude, da falta de educação. São também o reflexo de uma conduta em que o outro pouco importa. Aprendido com papai.
A tal espontaneidade que pretende ser uma marca do populista capitão reformado tem apenas o mérito e a função de esconder a ausência de repertório e capacidade intelectual. Daí ser preciso criar imagens factoides para tentar desmentir o que parece explícito: o isolamento político do capitão, dentro do se próprio governo. Posa no sopão com um Braga Netto promovido para o Ministério da Defesa - onde teve que aceitar as regras da corporação - ainda que tivesse a vontade de puxar um pouco o saco do capitão.
E que não fiquem dúvidas. A foto compartilhada pelos generais - as duas visitas ao general tuiteiro Villas Bôas, com um general Pujol que deixava o comando do Exército e o general Paulo Sérgio, que chega - mostra que a corporação tem regras. Numa cadeira, sentando-se, um distensionado Pujol mostra que se sente com o dever cumprido - pernas esticadas, e um outro, de prontidão, o Paulo Sérgio está pronto para a ação - sentado quase em continência. Não tem a postura de quem vai arregar na defesa da sua conduta, obediente à ciência na proteção da tropa.
Na posse secreta promovida pelo capitão, mais um sinal de quem se esconde, a pretexto de aglomeração que não lidera; os fatos também transbordam. No discurso de posse, o novo ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França, refere-se ao estapafúrdio Araújo numa única linha. E anuncia a rendição à história da diplomacia brasileira: a construção de pontes. Uma resposta oportuna à crise de imagem do Brasil no exterior, em que o país é ridicularizado e temido pela ameaça que representa ao mundo, fruto das escolhas de um presidente deslocado da realidade e com pouca, ou nenhuma, capacidade de compreender a tragédia brasileira - a pandemia da qual é um dos artífices.
Enquanto o filho cospe na mãe, o capitão cospe no povo. É preciso mantê-lo dentro do cercadinho, para que o exemplo não seja seguido por seus outros filhos.
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