Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Descompensado, Bolsonaro vive inferno e quer companhia
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O Brasil tem fome. O ex-capitão oferece perdigotos.
As falas que perdem a conexão com fatos são a marca do desvario. E revelam a tragédia de um homem perdido em si mesmo. Mas rodeado por acólitos.
O desaparecimento do indigenista Bruno Araújo e do jornalista inglês Dom Philips, mais a decisão do STF de manter a cassação de deputado bolsonarista, ativo na divulgação de desinformação - do mesmo calibre que o ex-capitão, ele próprio, reconheceu ter no seu repertório - levaram o candidato à reeleição a se descompensar.
Para quem não está familiarizado com o termo, geralmente utilizado para indicar estado emocional desequilibrado, manifesto por comportamento dissonante com a realidade objetiva - há uma reação desproporcional e incontrolável diante um evento - o que se viu ontem, na sede do governo federal, foi alguém prestes a exigir contenção física.
A realidade dói. E deve doer mais no ex-capitão quando olha para o desperdício de tempo dele, ocupando o cargo mais importante da gestão pública para experimentar o gozo permanente de férias e o uso abusivo de cartão corporativo - cujo extrato está em sigilo, para que os pagantes não conheçamos as suas despesas.
A Funai, quando soube do desparecimento de Bruno Araújo, correu para dizer que o funcionário estava em licença para atividades particulares, como se isso eximisse o órgão de responsabilidades e se pusesse em busca dele e do jornalista desaparecidos desde domingo
A estupidez de uma política que é feita de improviso, aos berros, sem lastro em análise e sem avaliação dos efeitos para reduzir a miséria e a fome - que agora, dizem as mais recentes notícias, está na mesa de 15% dos brasileiros e brasileiras. Não têm o que comer quando o ex-capitão se engasga com camarão e tentar urdir um golpe contra as instituições.
Já clama por um novo 7 de setembro, em que aqueles que "lotaram as ruas", em defesa do tal deputado Daniel Silveira, segundo o ex-capitão, atônitos e indignados com a condenação do desvario do parlamentar, iriam em protesto, novamente, xingar o STF (Supremo Tribunal Federal). E talvez conduzir novas "Marias-Fumaça", símbolo de mais uma vergonha nacional.
O ex-capitão fala que se "aventuraram" os dois homens desparecidos na Amazônia, que têm o histórico de defesa dos povos indígenas, vítimas, até onde se conhece, dos predadores que, iguais a cupins esfomeados, dilapidam a nossa biodiversidade e criam rotas para o narcotráfico na região, colocando também em risco a soberania nacional.
Aventureiros mesmo foram aqueles eleitores que, em 2018, crentes e ignorantes do que é a biografia de um defensor da tortura, misógino e incompetente - para não arrolar outros pontos altos da sua trajetória - votaram nele e agora e se escondem de vergonha pela monstruosidade do desgoverno.
O ex-capitão diz que não "vai viver como um rato", depois que o STF decidiu manter a condenação do tal Franceschini. Já tinha comemorado que o "seu" Supremo, o tal Kassio, o inocentara de uma cassação.
"Viver como um rato" é quando, por covardia e irresponsabilidade, alguém se nega a responder pelos próprios atos, apontando culpas pelas próprias omissões e desmandos, por leniência e ignorância, por sua inépcia e vassalagem a ideias e ideais que destroem os princípios de humanidade que nos conectam.
Ora pois. Viver como um rato é fugir, esconder-se e chamar um bando para encobrir aos berros a própria incapacidade. Não sei quem se comporta assim.
Ora, somos nós, brasileiros e brasileiras que não queremos viver como ratos: em casas semelhantes a esgotos insalubres, escondidos, com fogo, andando pela escuridão da desesperança, entorpecidos de medo pelas bravatas de um ex-capitão que não reconhece o esgoto em que deseja transformar o Brasil.
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