Indicado por Marçal usou dengue para driblar licitação, mas nega corrupção
O médico Wilson Modesto Pollara admitiu que o contrato emergencial que tentou fazer para equipar o Samu (Serviço Móvel de Atendimento de Urgência) do município de Goiânia não estava diretamente relacionado à dengue, mas nega favorecimento ou corrupção.
Pollara, que hoje é secretário de Saúde da capital de Goiás, foi indicado por Pablo Marçal para assumir o mesmo cargo em São Paulo caso o candidato do PRTB seja eleito prefeito.
"Minha falha foi insistir demais", afirmou à coluna.
Em julho deste ano, o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) de Goiás determinou o afastamento de Pollara da secretaria de Saúde da prefeitura de Goiânia por três meses por suspeitas de "má-fé" na contratação de sistema web, funcionários e ambulâncias para o Samu.
De acordo com a denúncia do Ministério Público de Contas (MPC), o secretário pretendia fazer a contratação, sem licitação, e utilizou como justificativa a epidemia de dengue. O órgão questionou o motivo e argumentou que a epidemia não sobrecarregava o sistema, que tinha problemas históricos.
Na versão de Pollara, ele assumiu o cargo com o Samu praticamente inoperante: das 18 ambulâncias, 15 estavam quebradas e havia apenas uma linha telefônica. Ele sustenta que foi aconselhado por assessores a utilizar a justificativa da epidemia de dengue para reduzir a burocracia e acelerar o processo.
"Isso aqui (o Samu) estava assim há 12 anos. Quando você é secretário, conta com sua assessoria. Eles me disseram que era mais fácil utilizar a epidemia da dengue", afirmou.
Mesmo diante do alerta dos órgãos de fiscalização, Pollara seguiu em frente e chegou a abrir um orçamento para o aluguel das ambulâncias e a contratação dos funcionários. E, por conta disso, teria sido afastado.
O TCM, no entanto, concordou em reduzir o prazo do afastamento de três meses para 45 dias. E, durante esse período, as contratações para o Samu foram realizadas.
"Tenho 25 anos de vida pública e, por conta disso, já fui alvo de várias investigações, mas nunca tive nenhum processo", afirma.
Ex-diretor do Hospital das Clínicas e diretor-adjunto de Saúde do governo Geraldo Alckmin, Pollara foi secretário de Saúde da Prefeitura de São Paulo na gestão João Doria.
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