Marçal defende voto nulo em sabatina com Boulos para prejudicar Nunes
A estratégia de Pablo Marçal (PRTB) e Guilherme Boulos (PSOL) na estranhíssima sabatina às vésperas do segundo turno só ficou clara nos minutos finais.
Questionado por Marçal se votaria em Nunes ou nele caso os dois tivessem ido para o segundo turno, Boulos responde: Vou ser franco, não votaria em nenhum dos dois".
E aí Boulos inverte a pergunta e é Marçal quem responde: "O 5 não funciona na urna para mim de jeito nenhum. Nem de 15, nem de 50", afirmou.
Ou seja, tanto Marçal quanto Boulos defenderam voto nulo para o eleitor marçalista. Marçal chegou a dizer que avalia que a abstenção vai ser recorde no próximo domingo (27).
Se isso realmente ocorrer, o prejudicado é Ricardo Nunes (MDB), porque é ele quem está atraindo mais de 80% dos votos que foram destinados ao ex-coach no primeiro turno.
Marçal contou ainda que estava na Itália com a família e não sabia se voltaria para votar. Parecia um convite para o seu eleitor descer para a praia.
A sabatina foi estranhíssima, porque Marçal não só manteve o "respeito" como admitiu algumas vezes que havia combinado de permitir a Boulos que apresentasse seu perfil.
Levantou várias bolas para o candidato do PSOL cortar e se mostrar como favorável ao empreendedorismo e à prosperidade.
Ao perguntar sobre o caso Janones, sequer chamou de "rachadinha", usou a palavra "peculato".
Marçal também ouviu calado Boulos chamar o ex-presidente Jair Bolsonaro de "o pior presidente da história". Ele também não retrucou quando Boulos disse que o candidato do PSOL, que é apoiado pelo PT, não faz parte do "sistema".
Difícil um discurso que contrarie mais o que pensa a direita.
O ex-coach está visivelmente ressentido com Bolsonaro, Nunes e, principalmente, com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que recusaram seu apoio. Admitiu, inclusive, que considera Tarcísio como um adversário em 2026 na corrida para a presidência.
Isso se não ficar inelegível por divulgar um prontuário médico falso dizendo que seu companheiro de sabatina, Boulos, cheirava cocaína.
Boulos foi incoerente e oportunista ao aceitar o convite de Marçal depois de todos os ataques que sofreu e de insistir para que o ex-coach ficasse fora dos debates do primeiro turno.
Mas se aproveitou do oportunismo de Marçal e jogou sua última cartada. A ver se vai funcionar.
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