Em aposta de risco, Tarcísio sobe meta de privatização e inclui área social
A despeito de protestos e confrontos de manifestantes com a Polícia Militar durante os leilões, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), elevou a meta de privatizações e concessões até o final do seu mandato.
Segundo apurou a coluna, Tarcísio informou à equipe da secretaria de Parcerias em Investimentos que deseja obter R$ 500 bilhões em obras para o estado até dezembro de 2026 com 25 leilões realizados e contratos assinados.
Até agora já foram garantidos R$ 340 bilhões e o alvo anterior eram R$ 400 bilhões. O valor mais alto que o esperado em alguns projetos, como a Sabesp, possibilitou o reajuste da meta.
Os próximos leilões previstos são a rodovia Nova Raposo, marcado para o dia 28 de novembro, e o Alto Tietê Trens Urbanos, que deve ocorrer no final de março de 2025.
A lista de projetos já qualificados está dividida em quatro eixos: rodovias, mobilidade urbana, água e energia e social.
Vai de rodovias, trens, metrôs, piscinões, a Sabesp, até os chamados projetos sociais, que provocam mais polêmicas.
Entre os projetos sociais, foram leiloados recentemente a loteria estadual e a infraestrutura de novas escolas, gerando protestos.
Mas esse eixo, que está mais próximo da vida da população, prevê uma lista longa.
Alguns exemplos:
- adequação e manutenção não só de novas escolas, mas de 134 escolas já existentes.
- a construção de moradias e o retrofit de prédios no centro histórico de São Paulo, incluindo Sé, Pateo do Colégio, 25 de Março, Largo São Francisco.
- a gestão das unidades da Fundação Casa, responsável por menores infratores, enquanto o Estado fica responsável pelo cumprimento das medidas socioeducativas.
- Concessão de oito parques à iniciativa privada. Entre eles, o Parque da Juventude, na zona norte, o Parque Ecológico da Guarapiranga, na zona sul, e o Parque Ecológico Tietê, na zona leste.
- a estrada de ferro de Campos do Jordão, um polo turístico
- o Ginásio do Ibirapuera
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Risco político
Ex-ministro de Infraestrutura do governo de Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio transformou o programa de concessões e privatizações de São Paulo numa bandeira eleitoral.
Já ficaram conhecidas suas "marteladas" nos leilões.
A aposta do governador desafia o senso comum de que o brasileiro é contra privatizações.
Pesquisa realizada pelo Datafolha em 2023 mostrava aumento do apoio da opinião pública à venda de empresas estatais, mas ainda sem atingir a maioria da população.
Em 2017, 20% dos brasileiros se declaravam a favor das privatizações. Em 2023, eram 38%. Já o percentual de pessoas contrárias caiu de 70% para 45%.
A percepção muda bastante conforme a orientação política. Entre os simpatizantes do PT, são favoráveis 28%, abaixo da média nacional. Já entre os simpatizantes do PL, o percentual sobe para 70%.
"Essa pesquisa foi realizada, no entanto, antes dos apagões da Enel na capital paulista, que podem ter mudado a percepção no estado sobre as privatizações", diz Luciana Chong, diretora do Instituto Datafolha.
"Além disso, as concessões de projetos em áreas mais próximas da vida das pessoas, como escolas ou cemitérios, são apostas arriscadas, porque os custos aumentam rápido e os benefícios só vem no longo prazo", completa.
Durante a campanha à reeleição, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) foi bastante questionado sobre a privatização dos serviços funerários, que teriam encarecido.
Já a privatização da infraestrutura das escolas realizada por Tarcísio enfrentou protestos de estudantes e sindicalistas, que foram contidos pela Polícia Militar. O episódio deu gás na oposição às críticas de que o governador seria "truculento".
Segundo o governo paulista, as concessões dos projetos das escolas não incluem a parte pedagógica, que continuam a cargo da secretaria de educação, mas apenas a construção do prédio e a manutenção da infraestrutura.
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