Raquel Landim

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Reportagem

Gleisi critica Fux e diz que proibir bets só para pobres é 'preconceituoso'

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que a decisão do ministro Luiz Fux que proíbe apenas os usuários do Bolsa Família e do BPC (Benefício de Prestação Continuada) de fazer apostas esportivas é "preconceituosa".

"Proibir que usuários de programas sociais utilizem recursos em sites de bets como determinou o ministro Fux é preconceituoso e não vai fazer nem cosquinha na indústria da jogatina. A indução ao vício e a ameaça à economia das famílias têm que ser enfrentada com a proibição total", escreveu Gleisi em suas redes sociais.

A decisão de Fux foi publicada nesta quarta-feira (13). No texto, o ministro também determina que entrem em vigor, de forma imediata, medidas que proíbam a publicidade e propaganda das bets que tenham crianças como alvo.

Estudo do Banco Central mostrou que beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em bets via Pix no mês de agosto - valor que equivale a 20% do total repassado pelo programa no mês.

A medida de Fux é mais suave do que está sendo solicitado pela Procuradoria Geral da República (PGR). O procurador-geral, Paulo Gonet, entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) pedindo a suspensão das leis que permitem o funcionamento das bets no país.

Polêmica

"Por que algo que faria mal para os pobres, não faria mal para todo mundo?", questiona a professora do Insper e especialista em distribuição de renda, Laura Muller Machado.

Na sua avaliação, é preciso entrar com mecanismos de educação financeira para os mais pobres ao invés de regular os seus gastos. Tentativas anteriores de limitar o escopo de produtos nos quais os beneficiários de programas sociais poderiam usar os recursos foram mal sucedidas.

Para o professor da Fundação Getúlio Vargas, Marcelo Neri, há argumentos para os dois lados.

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"Restringir a liberdade de quem recebe o Bolsa Família tem seus problemas e 90% dos beneficiários já são mulheres, que geralmente são mais altruístas e gastam o dinheiro com os filhos", explica.

"No entanto, as bets são uma indústria nociva nascente e é ousado permitir que as pessoas utilizam o cartão do Bolsa Família para apostar. O brasileiro costuma ser otimista sobre o futuro e acha que vai ganhar a aposta. Além disso, temos taxas de juros muito altas e endividamento crescente, o que potencializa o problema".

Reportagem

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