Cade atende irmãos Batista e suspende direitos dos rivais na Eldorado
A superintendência-geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) suspendeu preventivamente nesta segunda-feira (18) os direitos políticos da Paper Excellence na Eldorado. O pedido foi feito pela própria fabricante de celulose por iniciativa do controlador, a J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.
Também foi instaurado um inquérito administrativo para apurar indícios de fraude à ordem econômica. Até que o caso seja julgado em definitivo pelo plenário da autarquia, a Paper Excellence, do bilionário Jackson Widjaja, perde os direitos de votar nas assembleias de acionistas, de receber dividendos e de monitorar e verificar o andamento dos negócios.
"Cabe pontuar que tal medida é determinada em sede preliminar e pode ser revisitada por este Cade ao longo do presente Inquérito Administrativo", escreve o superintendente-geral do Cade, Alexandre Barreto, na decisão à qual a coluna teve acesso.
A J&F e a Paper Excellence travam uma batalha pelo controle da Eldorado desde que a empresa foi vendida para o bilionário sino-indonésio Widjaja, após a delação premiada dos irmãos Batista. A disputa, que passou por arbitragem e também está na Justiça, agora chegou ao Cade. O negócio foi selado em duas fases, e o controle nunca foi transferido dos Batista para Widjaja.
No tribunal de defesa da concorrência, não está em jogo o negócio em si, mas uma suposta interferência da Paper nos planos de expansão da Eldorado.
Os Batista argumentam que a Paper Excellence vem exigindo que a empresa distribua dividendos, travando os planos da Eldorado de construir uma nova linha de produção, para não aumentar a concorrência global e prejudicar a Asia Paper and Pulp (App), empresa de celulose que pertence a outro membro da família Widjaja.
A Paper Excellence diz que o dinheiro dos dividendos estava parado no caixa, que não faz sentido investir numa empresa envolvida num litígio, que Jackson não tem participação na App, e que os Batista estão envolvendo o Cade na mesma "guerra de narrativas" para a qual já arrastaram outras instituições da República.
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