Rodrigo Ratier

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Opinião

Ao indicar Nikolas para a Educação, PL opta pelo circo em vez da política

A lamentável figura de Nikolas Ferreira, deputado federal por Minas Gerais, foi o escolhido para presidir a Comissão de Educação (CE) da Câmara. Seu partido, o PL — maior bancada no Congresso —, ganhou a prioridade na indicação das comissões. Para preservar o anel da Comissão de Saúde, o PT entregou o dedo da Educação.

Mais do que um holofote, coisa que sempre interessa aos bolsonaristas, a CE é um posto nobre no funcionamento da Câmara. Como as comissões têm poder de pauta, quem está na presidência influencia quais projetos de lei serão debatidos, analisados e, se for o caso, encaminhados para votação em plenário.

A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) costuma ser a primeira escala. É ela que analisa a constitucionalidade dos projetos. Quando o tema do projeto de lei é educação, política e sistema educacional, ele segue para apreciação na CE.

A dobradinha entre Nikolas e a também bolsonarista Carol de Toni (PL-SC), presidente da CCJ, é esperada. O fast track da extrema direita pode dar luz às pautas antieducativas promovidas pelo grupo.

O vídeo a seguir, peça de campanha de Nikolas durante as eleições de 2022, traz um possível resumo da ópera: defesa do homeschooling; soluções do sistema de ensino privado às escolas estatais; incluir no ECA a tipificação do crime de doutrinação política nas escolas públicas; erradicar o sistema de cotas raciais. Tudo amarrado com o lacre nonsense no final: "Paulo Freire nunca mais".

Que bizarrices desse quilate avancem para se tornar leis factíveis é algo a se discutir. Se avançarem, serão questionadas na Justiça. É desanimador, porém, que uma área com tantas problemas concretos como a educação se encontre submetida aos delíros das cortinas de fumaça do bolsonarismo.

Nikolas não possui nenhuma credencial para liderar a CE. Zero. Foi condenado por transfobia, responde a processo por fake news e foi salvo do um processo de cassação na prancha do pirata da Comissão de Ética.

Sua indicação, como o próprio PL admite, responde a um único critério técnico: provocação. Pelas regras da Câmara, é justo que o PL, dono da maior bancada, possa indicar prioritariamente os comandantes da Comissão. E a política do PL é provocar.

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Seria possível fazer oposição conservadora séria indicando alguém com trajetória na área, para debater a fundo os assuntos que realmente importam. Ao nominar Nikolas, o maior partido do Congresso mostra que não tem interesse nem massa crítica para fazer debate político de verdade. Na ausência desses predicados, recorre ao circo.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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