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Rogério Gentile

Youtuber bolsonarista é condenado por fake news contra a Band

Bernardo Küster  - Twitter @cpacbrasil
Bernardo Küster Imagem: Twitter @cpacbrasil

Colunista do UOL

07/09/2020 09h40

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A Justiça de São Paulo condenou o youtuber bolsonarista Bernardo Küster em processo movido pela Rede Bandeirantes.

Küster publicou um vídeo em março dizendo que a emissora havia sido praticamente comprada pelo governo chinês e que estaria fazendo propaganda do partido comunista.

A afirmação foi feita após a Band anunciar um acordo de cooperação com a China Media Group, que reúne os veículos de comunicação estatais do país, para o compartilhamento de conteúdo audiovisual, jornalístico e cultural.

Acordo semelhante havia sido fechado em novembro de 2019 pelo governo Bolsonaro para troca de conteúdo entre a EBC (Empresa Brasil de Comunicação) e a China Media Group.

"Bernardo Küster teve a clara intenção de afetar a imagem, a credibilidade e a reputação da Bandeirantes, mediante divulgação de informações e afirmações inverídicas", afirma o advogado André Marsiglia Santos, que representa a emissora.

Küster disse à Justiça ser jornalista investigativo e que apenas exerceu o seu direito à liberdade de expressão. "Não é crime algum ter suas conclusões e fazer questionamentos", afirmou, por meio de seu advogado, Emerson Tadeu Júnior.

A juíza Vanessa Bannitz Baccala da Rocha disse em sua decisão que o direito à liberdade de imprensa é um dos pilares da sociedade democrática. "Mas não é absoluto e tem como um de seus limites o dever de informar a verdade", afirmou a juíza, que o condenou a publicar uma resposta da Band em seu canal na rede social, assim como R$ 3 mil de honorários advocatícios para o defensor da Band.

Cabe recurso.

Uma segunda ação em que a Band pede uma indenização de R$ 50 mil do youtuber pelo mesmo motivo ainda não foi julgada.

Diretor do jornal online "Brasil Sem Medo", ligado ao filósofo Olavo de Carvalho, Küster foi em maio um dos alvos de operação da Polícia Federal determinada pelo Supremo Tribunal Federal. O ministro Alexandre de Moraes, que conduz um inquérito sobre fake news, ordenou a busca e apreensão dos celulares, tablets e computadores do youtuber.

Além de Küster, são investigados também o empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, a ativista Sara Winter e o ex-deputado Roberto Jefferson, entre outros.

No dia seguinte à operação da Polícia Federal, o presidente Jair Bolsonaro criticou a ação: "Não teremos outro dia igual a ontem, chega", afirmou. "Querem tirar a mídia que eu tenho a meu favor sob o argumento mentiroso de fake news."