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Rogério Gentile

Emerson Fittipaldi é multado pela Justiça por não indicar bens à penhora

Bicampeão mundial da Fórmula 1 afirma não ter patrimônio, enquanto credores apontam "vida nababesca" no exterior - Divulgação
Bicampeão mundial da Fórmula 1 afirma não ter patrimônio, enquanto credores apontam "vida nababesca" no exterior Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

12/11/2020 12h02

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O ex-piloto Emerson Fittipaldi, bicampeão mundial (1972 e 1974) de Fórmula 1, foi multado pela Justiça de São Paulo em pelo menos R$ 20 mil por se recusar a indicar bens à penhora. O valor ainda deve ser ajustado, pois trata-se de uma dívida feita há 8 anos.

Ele responde atualmente a pelo menos 145 processos judiciais abertos por credores, que lhe cobram dívidas estimadas em mais de R$ 55 milhões.

Numa das ações, a empresa Flávio Audi Cateb Eventos cobra do ex-piloto uma dívida de cerca de R$ 100 mil, referente a um serviço de buffet prestado durante uma prova automobilística realizada em setembro de 2012. A competição ("Seis horas de São Paulo"), que ocorreu no autódromo de Interlagos, foi promovida por uma das empresas de Fittipaldi.

Por conta da dívida, a Justiça determinou que o ex-piloto indicasse bens pessoais que pudessem ser penhoráveis. Como ele não o fez, recebeu uma multa de 20% sobre o valor atualizado do débito, que ainda não foi calculado.

A defesa do ex-piloto alegou que ele não fez a indicação simplesmente por não possuir bens. "[Fittipaldi] não pode ser compelido a indicar o que não tem e nem ser prejudicado por não possuir bens", afirmou à Justiça o advogado Donato Santos de Souza, que o representa.

A empresa de buffet afirma no processo que o ex-piloto ostenta uma vida "nababesca" no exterior.

Processo aponta indício de patrimônio do ex-piloto nos EUA

O Tribunal de Justiça não aceitou o recurso de Fittipaldi e manteve a multa por "ato atentatório à Justiça".

O desembargador Sá Duarte, relator do processo, disse que não basta ao ex-piloto alegar que não possuiu nenhum bem. Afirma que ele precisa justificar e comprovar tal declaração, inclusive, porque há no processo indícios da evolução patrimonial de Fittipaldi nos Estados Unidos.

O ex-piloto apresentou um novo recurso, solicitando que a questão fosse analisada pelo Superior Tribunal de Justiça, mas tampouco foi admitido.

Em outro processo, o Banco Safra, que cobra uma dívida de R$ 776,4 mil, afirma que Fittipaldi esconde seu patrimônio por meio de fraudes e empresas de fachada.

Fittipaldi afirma que nunca escondeu patrimônio

O ex-piloto nega a acusação. Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", afirmou passar por dificuldades financeiras, mas que está trabalhando para quitar todas as dívidas. "Primeiramente, nunca escondi nenhum patrimônio. Já paguei muita dívida e estou pagando e vou liquidar tudo", afirmou. "Os caras inventaram esse negócio, me deixou com uma imagem péssima, foi algo diabólico, e que não tem nada a ver com a realidade."

Campeão mundial em 1972 e bi em 1974, Fittipaldi desistiu de tentar o tricampeonato para construir o primeiro carro brasileiro de Fórmula 1, a Copersucar-Fittipaldi. O carro, que estreou em 1975, disputou 104 corridas, sem nenhuma vitória, até encerrar suas atividades em 1982. Estima-se que o projeto tenha custado US$ 7,5 milhões.

Fittipaldi recuperou suas finanças quando foi para a Fórmula Indy, nos Estados Unidos, categoria na qual ficou 12 anos. O sucesso o levou novamente aos negócios, apostado em vários setores e empresas. Investiu em plantação de laranjas, usina de etanol e até mesmo em grife de moda. Mas, sem o mesmo talento das pistas, passou a enfrentar dificuldades.