Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Perícia aponta que Alckmin pagou preço excessivo por retrato de Serra
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Uma perícia realizada por determinação judicial concluiu que o governo de São Paulo pagou um preço excessivo por uma pintura de um retrato do ex-governador José Serra.
O quadro foi encomendado em 2018 pela gestão Geraldo Alckmin ao artista plástico Gregório Gruber. A tela, com a imagem de Serra, um retrato em acrílico de 120 x 80 cm, foi comprada para ser integrada à galeria do Palácio dos Bandeirantes que conta com o retrato de mais de 30 governadores.
O então governador Alckmin pagou R$ 85 mil pela pintura, mas a perita Izabel Muanis do Amaral Rocha disse no laudo apresentado à Justiça que o valor de mercado atual do quadro é de aproximadamente R$ 36 mil. "Em 2018, esta mesma obra valeria R$ 27.765", afirmou a perita, ressaltando que a diferença de valores decorre da inflação.
O valor de mercado, de acordo com o laudo, levou em conta a reputação do artista e o tempo gasto para a realização do trabalho, finalizado 10 dias após a contratação.
"Este prazo comprova que a pintura não só não era nada complexa para ser feita, como não houve nenhum tempo de maturação, ato criativo, não exigiu nenhuma elucubração, nenhum ócio reflexivo", declarou a perita, argumentando que o artista nem mesmo precisou ter contato com Serra. "Não houve contato com o modelo, nenhum envolvimento emocional, corporal, intelectual."
A pintura foi feita com base num retrato de campanha fornecido ao artista pela equipe de Serra.
A perícia foi realizada por conta de um processo aberto por dois advogados (Carlos Klomfahs e Marcelo Feller), que questionaram os valores gastos, assim como o fato de não ter ocorrido uma licitação para a escolha do pintor.
"A contratação é uma afronta à moralidade administrativa", afirmou Klomfahs à Justiça, argumentando que o gasto era "desnecessário" diante de um contexto de "ajuste fiscal" e "cortes de investimentos em áreas-chave, como segurança e meio ambiente".
Feller disse à Justiça que os valores pagos pelo Estado estavam muito acima dos preços de mercado dos quadros de Gruber. "O valor do contrato foi superfaturado", afirmou na ação.
Gregorio Gruber é um premiado artista plástico brasileiro, com obras expostas no Masp, na Pinacoteca e no Banco Mundial, tendo já pintado outros quadros para a galeria de governadores.
Na defesa apresentada à Justiça, Alckmin disse que a compra da pintura ocorreu de acordo com a legislação e que a contratação de Gruber, "por sua excelência", foi indicada pela curadoria do acervo artístico-cultural do Palácio.
O ex-governador, que é pré-candidato a vice-presidente na chapa de Lula, afirmou também que o preço pago foi o justo e que não houve superfaturamento.
O artista disse à Justiça que os autores do processo alteraram a realidade dos fatos com má-fé. "Os documentos não deixam dúvida que, ao contrário do alardeado, foram cumpridos integralmente os requisitos legais para a contratação", declarou a sua defesa no processo.
"A alegação de superfaturamento é ainda mais absurda", declarou.
A Justiça ainda não decidiu o mérito do processo e o resultado da perícia pode ser questionado pelas defesas do ex-governador e do artista.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.