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Rogério Gentile

REPORTAGEM

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Justiça condena quadrilha acusada de enganar mulheres e levar R$ 17 milhões

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Imagem: Getty Images/iStockphoto

Colunista do UOL

08/05/2023 12h43

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A Justiça paulista condenou 19 membros de quadrilha suspeita de ter enganado mais de 400 pessoas no Brasil, sobretudo mulheres, e levar cerca R$ 17 milhões.

A quadrilha, conhecida como "Yahoo Boys", de origem nigeriana, é especializada no chamado estelionato sentimental.

Por meio de perfis falsos nas redes sociais e em sites de relacionamento amoroso, "fake lovers" (falsos amantes) se aproximam das vítimas com as mais variadas histórias. Fingem ser militares do exército americano em busca de suas almas gêmeas, estrangeiros com parentes doentes e até mesmo músicos de fama internacional.

Depois que ganham a confiança, como amigos, confidentes e, sobretudo, namorados e noivos à distância, passam a pedir dinheiro.

O número de 400 vítimas e R$ 17 milhões desviados foi calculado pela polícia com base apenas nas pessoas que registraram ocorrência entre 2017 e 2020 após terem desconfiado do golpe. Um relatório encaminhado à Justiça estima que, em todo o país, cerca de 2 mil pessoas tenham sido enganadas, em um prejuízo estimado em R$ 100 milhões.

Na sentença em que condenou a quadrilha a penas que variam de 11 a 19 anos de reclusão em regime fechado, o juiz Henrique Sorgi Macedo afirmou que as provas obtidas pela polícia e pelo Ministério Público comprovaram a existência de "um graúdo organismo criminoso", especializado em estelionatos e extorsões.

Foram condenados Uchenna Madu, Chibuike Offor, Kelechi Emele, Ahizechukwu Emele, Onyeka Nweke, Donald Ahize, Obed Ogbebor, Charles Iyayi, Ugonna Uzohuo, Akinyemi Akintayo, Henry Mbamelu, Chimezie Okolonji, Chima Nnaeji, Innocent Agomuo, Jude Obiocha, Kosarachi Mbadugha, Victor Udezue, Chukwuebuka Iieka, Ikenna Umeugo.

Na defesa apresentada à Justiça, eles disseram, de um modo geral, que são inocentes, e que não há provas do seu envolvimento.

Uchenna, por exemplo, disse estar sendo processado "apenas porque é cidadão nigeriano com relação comercial com outros cidadãos nigerianos, alguns destes de fato envolvidos em crimes cibernéticos".

Disse trabalhar arduamente no ramo de "tecidos especiais, objetos religiosos, cabelos, roupas e calçados" e que as suas movimentações bancárias são compatíveis com sua atividade empresarial".

Já Akinyemi pediu a nulidade do processo em razão "de violação do dever constitucional de imparcialidade do magistrado".

Todos ainda podem recorrer.