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Rogério Gentile

REPORTAGEM

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Ex-namorada é condenada por linchamento virtual de cantor do Rock in Rio

O cantor Phill Veras - Reprodução/Facebook/Phill Veras
O cantor Phill Veras Imagem: Reprodução/Facebook/Phill Veras

Colunista do UOL

17/05/2023 11h44

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A carreira do cantor Phill Veras sofreu um forte abalo em 2022 quando sua ex-namorada, a influenciadora digital Marianna Tondolo, disse nas redes sociais ser vítima de um relacionamento abusivo.

"Não se enganem com homens de voz suave, tocando músicas românticas. Entre quatro paredes, eles gritam no teu rosto, te pegam pelo pescoço e, de quebra, te traem e mentem descaradamente", escreveu.

Marianna, de 26 anos, afirmou que ele a havia agredido com apertões, puxões de cabelo e tentativas de enforcamento. "Isso é apenas a ponta do iceberg", afirmou.

O cantor maranhense, que já havia se apresentado no Rock in Rio em 2013 após ser selecionado em um concurso de novos talentos e que era considerado uma das promessas da MPB, processou a ex-namorada afirmando que as acusações eram mentirosas.

Phill, de 32 anos, afirmou à Justiça que, após "as calúnias", foi desconvidado a participar de gravações musicais, passou a receber ameaças de morte e entrou em depressão. "Toda a família sofreu abalo psicológico com os injustos ataques", declarou no processo.

Na segunda-feira (15), a juíza Camila Borges de Azevedo condenou a influenciadora a pagar uma indenização de R$ 15 mil ao cantor por danos morais. Também determinou que ela apague de suas redes sociais o seu relato e os comentários sobre o relacionamento.

"Não há prova de qualquer agressão física contra Marianna", afirmou a juíza na decisão, citando que a influenciadora não fez nenhuma comunicação formal à Polícia e à Justiça sobre as supostas violências sofridas.

A juíza disse que ela optou pelo "linchamento virtual, pelo cancelamento, pelo vexame" e, com isso, atingiu a carreira do cantor, "que não conseguiu exercer sua defesa perante seu público e seus parceiros comerciais".

Marianna ainda pode recorrer da decisão.

Na defesa apresentada à Justiça, ela reafirmou as acusações, declarando ter sofrido diversos episódios de violência doméstica e massacre psicológico. Disse também que o consumo exagerado de álcool era o gatilho para as agressões e que a pandemia agravou a situação.

"Que resta a ela se não pode dizer o que viveu", perguntou à Justiça o advogado Thiago Viana, que a representa. "Como cercear o direito de uma vítima de desabafar?"

O advogado da influenciadora disse à Justiça que a subnotificação dos casos de violência doméstica é um problema grave e muito comum na sociedade brasileira, e afirmou que a "vergonha" é uma das principais razões para esse fato.

Segundo ele, durante os cerca de quatro anos de relacionamento, o cantor sempre agiu com extrema crueldade e frieza.

"Até hoje ela se encontra extremamente abalada", afirmou.