Justiça condena dono de escola acusado de jogar balde de urina em aluno
A Justiça paulista condenou o empresário Rubens da Silva Ribeiro Neto, proprietário do Colégio Einstein da cidade de Avaré, no interior de São Paulo, a pagar uma indenização de R$ 13 mil à família de um ex-aluno.
Em outubro ano passado, de acordo com o processo aberto pela família, no banheiro da escola, o empresário jogou um balde de urina no aluno e em alguns colegas. Na sequência, segundo o relato, debochou dos jovens: "Vocês não gostam de fazer trolagem? Isso também é trolagem, uma brincadeira".
Rubens ainda publicou vídeos na internet, sempre de acordo com o processo, chamando os jovens de "filhinhos de papai, vândalos e delinquentes". Disse que, como eles gostavam de aprontar, havia resolvido brincar e fazer um vídeo para passar na formatura da turma. "Um dia você brinca!!! No outro você é brinquedo!!! Se não aguenta, não desce pro play", escreveu sobre a imagem.
O episódio gerou um tumulto na escola, as aulas tiveram de ser suspensas e a Polícia Militar foi acionada.
A família disse à Justiça que a conduta do empresário e diretor da escola é lamentável e que ele não tem maturidade para educar. "Não é normal e tampouco aceitável que um educador jogue um balde contendo qualquer espécie de líquido em um aluno, muito menos urina", afirmou à Justiça o advogado Daniel Roberto de Souza, que representa a família.
Na defesa apresentada à Justiça, Rubens afirmou que não havia urina no balde, mas água misturada com pó de gelatina de maracujá. Ele disse que entrou no box do banheiro, fechou a porta e urinou no vaso sanitário. Em seguida, de acordo com o seu relato, saiu com os baldes previamente preparados com água e pó de gelatina, e os atirou com o objetivo de fazer "uma ação pedagógica!".
Segundo o empresário, ele agiu desse modo em razão de atitudes recorrentes dos alunos em relação à limpeza do banheiro, que os usariam de modo "incorreto" e "nojento", com "total desrespeito com quem procedia a limpeza do local".
"É inconcebível o modo como os jovens usavam o banheiro, sendo certo que, certamente, eles não gostariam que fosse nas suas respectivas residências", afirmou à Justiça.
Rubens declarou no processo que sempre agiu com "ética" e "zelo" no exercício de suas funções e reclamou que, após atirar o balde, o aluno o chamou para briga, apertando seu braço com muita força de modo que teria ficado com a marca dos seus dedos.
A juíza Marília Vizzotto, ao condenar a escola e o seu proprietário, disse que, sendo urina ou não, a conduta do empresário foi "excessiva e injustificável".
"A abordagem pedagógica não poderia de nenhum modo envolver a humilhação de aluno. Havia outros meios disponíveis e lícitos para lidar com a situação de mau comportamento, não se justificando as condutas adotadas", declarou na sentença.
O empresário e a escola vão recorrer da decisão.
Em nota enviada à coluna, a assessoria de imprensa do empresário disse que ele admite não ter sido adequada a forma como tentou corrigir os alunos. Leia a íntegra abaixo:
"O empresário Rubens da Silva informa que respeita a decisão da Justiça, mas reforça que sua defesa ingressará com recurso. Ele admite não ter sido adequada a forma como tentou corrigir os alunos e garante estar arrependido.
No entanto, esclarece que, como gestor, após repetidos casos de vandalismo por parte dos estudantes no banheiro da escola, inclusive urinando no chão e sujando as paredes com fezes, decidiu tomar uma atitude. O objetivo era conscientizar os jovens, de maneira bem humorada, e cessar os casos de falta de disciplina. Ele reitera que utilizou gelatina de maracujá misturada com água para simular urina, sendo que nunca urinou nos baldes. Inclusive filmou o preparo para provar o cunho pedagógico, visando a conscientização dos alunos quanto ao correto uso do banheiro e respeito com os funcionários da limpeza.
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Quero receberComo mantenedor da instituição de ensino, Rubens faz questão de frisar que sua preocupação sempre foi oferecer aos alunos um ambiente de estudos seguro, limpo e com a disciplina necessária para o desenvolvimento de todos.
O empresário ainda chama a atenção para o fato de que, do ano passado para o presente, conforme as testemunhas do processo afirmaram, esse tipo de problema nunca mais se repetiu no banheiro da escola."
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