Topo

Tales Faria

Com "Novo Centro", Maia resiste a Bolsonaro e ninguém mais tem maioria

Presidente da Cãmara, Rodrigo Maia e presidente da República, Jair Bolsonaro  -  Marcos Corrêa/PR
Presidente da Cãmara, Rodrigo Maia e presidente da República, Jair Bolsonaro Imagem: Marcos Corrêa/PR

Colunista do UOL

15/05/2020 10h51

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O presidente Jair Bolsonaro conseguiu levar para a base de apoio ao governo no Congresso a maior parte do chamado Centrão, mas não conseguiu ainda formar maioria.

Acuado, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), diminuiu o tom dos ataques ao Planalto, mas está articulando um grupo capaz de garantir maioria de votos contra o governo.

O grupo está sendo chamado informalmente de "Novo Centro". Além de uma parcela dos deputados não suspensos do PSL, antiga legenda de Bolsonaro, reúne cerca de 160 deputados também espalhados por: MDB, DEM, PSDB, ­­­SD, Pode, Cidadania, Novo e PV.

O Centrão de Bolsonaro ficou a maior parte dos deputados do PSL(se incluir os que estão sob suspensão) e mais nove legendas: PP, PL, PSD, Republicanos, PTB, Pros, PSC, Avante e Patriotas. Dá cerca de 203 deputados, podendo chegar a 223, se incluir metade dos ainda filiados ao PSL.

Tabela bancadas e Bolsonaro vs Rodrigo Maia vs oposição - Levantamrnto UOL - Levantamrnto UOL
Imagem: Levantamrnto UOL

­­­

Esses números não dão garantia da maioria ao presidente Bolsonaro no Congresso. Se o grupo de apoio a Rodrigo Maia se juntar aos 130 dos partidos de oposição, reúnem 269 dos 513 deputados da Câmara. Se juntar a parte do PSL contrária ao governo, pode chegar a 290.

Mas também não dão garantia a Maia. Porque, tanto no caso do Centrão como no grupo próximo ao presidente da Câmara, a contagem é feita levando em conta o tamanho de cada bancada. E em quase todos os partidos elas estão rachadas.

Há deputados do Centrão que ainda estão com Rodrigo Maia -como o líder da Maioria, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB)- e deputados de partidos do Novo Centro que ficam com o governo, como o ex-ministro da Cidadania Osmar Terra (MDB-RS).

E tem outros problemas.

O Republicanos, por exemplo, não gosta de ser confundido com o Centrão. Costuma se dizer independente, mas tem votado com o governo, especialmente nas pautas econômicas. O Novo, em geral apoia a política econômica do governo, mas está longe da pauta de costumes, numa posição muito próxima da de Rodrigo Maia. Mas se diz equidistante. Assim como o Podemos, E o PV negocia aproximação com PSB e PDT, mas com posições mais próximas do centro e de Rodrigo Maia.

Ou seja, nenhum dos dois grupos tem consolidada com segurança uma maioria e, muito menos, número para aprovar, por exemplo, uma emenda constitucional, que exige o voto de três quintos (308) dos deputados.

Isso explica porque Bolsonaro chamou Rodrigo Maia para um encontro de aparente armistício no Planalto e porque o presidente da Câmara aceitou: terão que manter canais de negociação para votação de cada projeto.

Até que o jogo de forças esteja definido, praticamente só deverão ser aprovadas proposições que cheguem a consenso. O Congresso tende a pisar no freio por enquanto. Mas, se a economia degringolar, haverá número para a oposição passar o trator.