Com "Novo Centro", Maia resiste a Bolsonaro e ninguém mais tem maioria
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O presidente Jair Bolsonaro conseguiu levar para a base de apoio ao governo no Congresso a maior parte do chamado Centrão, mas não conseguiu ainda formar maioria.
Acuado, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), diminuiu o tom dos ataques ao Planalto, mas está articulando um grupo capaz de garantir maioria de votos contra o governo.
O grupo está sendo chamado informalmente de "Novo Centro". Além de uma parcela dos deputados não suspensos do PSL, antiga legenda de Bolsonaro, reúne cerca de 160 deputados também espalhados por: MDB, DEM, PSDB, SD, Pode, Cidadania, Novo e PV.
O Centrão de Bolsonaro ficou a maior parte dos deputados do PSL(se incluir os que estão sob suspensão) e mais nove legendas: PP, PL, PSD, Republicanos, PTB, Pros, PSC, Avante e Patriotas. Dá cerca de 203 deputados, podendo chegar a 223, se incluir metade dos ainda filiados ao PSL.
Esses números não dão garantia da maioria ao presidente Bolsonaro no Congresso. Se o grupo de apoio a Rodrigo Maia se juntar aos 130 dos partidos de oposição, reúnem 269 dos 513 deputados da Câmara. Se juntar a parte do PSL contrária ao governo, pode chegar a 290.
Mas também não dão garantia a Maia. Porque, tanto no caso do Centrão como no grupo próximo ao presidente da Câmara, a contagem é feita levando em conta o tamanho de cada bancada. E em quase todos os partidos elas estão rachadas.
Há deputados do Centrão que ainda estão com Rodrigo Maia -como o líder da Maioria, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB)- e deputados de partidos do Novo Centro que ficam com o governo, como o ex-ministro da Cidadania Osmar Terra (MDB-RS).
E tem outros problemas.
O Republicanos, por exemplo, não gosta de ser confundido com o Centrão. Costuma se dizer independente, mas tem votado com o governo, especialmente nas pautas econômicas. O Novo, em geral apoia a política econômica do governo, mas está longe da pauta de costumes, numa posição muito próxima da de Rodrigo Maia. Mas se diz equidistante. Assim como o Podemos, E o PV negocia aproximação com PSB e PDT, mas com posições mais próximas do centro e de Rodrigo Maia.
Ou seja, nenhum dos dois grupos tem consolidada com segurança uma maioria e, muito menos, número para aprovar, por exemplo, uma emenda constitucional, que exige o voto de três quintos (308) dos deputados.
Isso explica porque Bolsonaro chamou Rodrigo Maia para um encontro de aparente armistício no Planalto e porque o presidente da Câmara aceitou: terão que manter canais de negociação para votação de cada projeto.
Até que o jogo de forças esteja definido, praticamente só deverão ser aprovadas proposições que cheguem a consenso. O Congresso tende a pisar no freio por enquanto. Mas, se a economia degringolar, haverá número para a oposição passar o trator.
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