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MDB manda líder Fernando Bezerra cobrar isenção de Bolsonaro no Senado

Entrevista Fernando Bezerra Coelho Estúdio UOL/Folha - Kleyton Amorim/UOL
Entrevista Fernando Bezerra Coelho Estúdio UOL/Folha Imagem: Kleyton Amorim/UOL

Chefe da Sucursal de Brasília do UOL

06/01/2021 16h03

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O líder do Governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), deve se encontrar com o presidente Jair Bolsonaro nesta semana para levar um recado dos senadores de seu partido: o Planalto estará comprando briga com os emedebistas se mantiver o apoio à eleição de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para presidente do Senado.

Essa briga não é boa para Bolsonaro, que já corre o risco de ver eleito para o comando da Câmara um deputado, Baleia Rossi (MDB-SP), apadrinhado pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e pela oposição..

Bezerra deverá dizer a Bolsonaro que o governo estará cedendo a uma "pressão indevida" do atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). O líder do governo também tem deixado claro, nas conversas com os demais senadores, que Alcolumbre está encaminhando de maneira equivocada sua sucessão.

"Ele poderia promover um amplo entendimento, mas agora, a cada dia, se configura um quadro de enfrentamento na Casa", admitiu o líder governista ao ser cobrado por colegas.

Procurado pelo UOL, Bezerra não quis tratar do assunto. Aos colegas ele disse, no entanto, que já pediu o encontro com o presidente, o que deverá ocorrer ainda nesta semana.

O próprio Bezerra tem sido um dos nomes ventilados no seu partido para a sucessão de Alcolumbre, junto com o líder da bancada, Eduardo Braga (AM), o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), e a presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Simone Tebet (MDB-MS).

Os quatro fecharam acordo de apoio ao nome que tiver maior viabilidade entre as bancadas dos demais partidos no Senado. O MDB tem o maior número de senadores, 13, com expectativa de filiação de mais dois.

A praxe tem sido de que a maior bancada indica o presidente. Mas a eleição de Alcolumbre, em meio a uma guerra interna do MDB quando Renan Calheiros (MDB-AL) tentava se reeleger, quebrou esse pacto entre os partidos. O temor dos emedebistas é que isso volte a ocorrer.

As articulações de Alcolumbre para fazer um sucessor de sua escolha e do seu partido, o DEM, estão sendo consideradas pelo MDB uma verdadeira traição, já que ele foi eleito com o apoio de Simone, do próprio Bezerra e de Eduardo Gomes.

A decisão da bancada do MDB de apoiar o candidato do partido que tiver maior trânsito entre as outras siglas tornou o Podemos, com nove senadores, e o PSDB, com seis, como os fiéis da balança na eleição. Ainda mais depois que o PSD, segunda maior bancada depois do MDB, com 11 senadores, aderiu a Rodrigo Pacheco.

Podemos e PSDB têm integrado o movimento Muda Senado, criado na época da briga com Renan Calheiros e que deu sustentação a Alcolumbre. O grupo também se sente traído pelo atual presidente da Casa, tem uma boa relação com Rodrigo Pacheco, mas não com o presidente Bolsonaro.

Ou seja há uma disputa acirrada na Casa entre partidos de todos os lados, tanto dentro dos grupos que apoiam o governo, como os que fazem oposição e os independentes.

Bolsonaro deverá acabar aceitando o conselho de seu líder Fernando Bezerra e manter-se distante da briga. Ainda mais porque, se o candidato do MDB a presidente da Câmara, Baleia Rossi (SP), sair vitorioso, o Palácio do Planalto precisará mais e mais do MDB do Senado para aprovar seus projetos.