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Tales Faria

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Vovó traficante fez caca na Câmara e virou símbolo do golpe bolsonarista

Colunista do UOL

27/01/2023 10h48Atualizada em 27/01/2023 14h12

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"Quebrando tudo e cagando nessa bosta aqui." Foi assim que a idosa Maria de Fátima Mendonça Jacinto de Souza se apresentou em vídeo, quando participava da invasão da Câmara e do quebra-quebra da Praça dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro.

Foi carinhosamente chamada pelos bolsonaristas de "Vovó Fátima". Tentaram, inclusive, usá-la para construir uma narrativa de truculência do governo, ao prender idosos após os atos golpistas.

Já no vídeo dona Fátima mostrava que definitivamente não tinha o perfil de vítima. Além de festejar a sujeira e o fedor que deixou durante a invasão, ela proclamava: "É guerra, vamos pegar o Xandão."

Mesmo assim, os bolsonaristas tentaram transformá-la num símbolo vitimizado do grupo.

Só desistiram depois que foi divulgado que "Vovó Fátima", além de ter tentado enganar o INSS para conseguir um benefício indevido, também era investigada por falsificação de documentos e que foi presa em flagrante por tráfico de drogas em 2014. Condenada, a vovó sujona cumpriu três anos de cadeia.

Os bolsonaristas tentaram, então, se afastar da imagem da idosa. Mas o estrago está feito. Como ela, dezenas dos presos pelo quebra-quebra também têm passagens pela polícia.

"Vovó Fátima" virou símbolo dos golpistas: na verdade, criminosos, falseadores, fichas sujas, capazes de fazer caca no chão de prédios públicos e ignorantes quanto aos verdadeiros emblemas da pátria que dizem defender.

É assim que o bolsonarismo age com os seus, quando eles apenas cumprem os mandamentos do grupo, mas acabam pegos.

A deputada Carla Zambelli (PL-SP), outro símbolo do bolsonarismo, está sendo abandonada pelo grupo. O ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos não gostaram do fato de ela ter-se deixado filmar com arma em punho e correndo atrás de um petista poucos dias antes da eleição. Atribuem à cena parte da derrota eleitoral. A crítica não é quanto ao gesto em si, mas ao momento pré-eleitoral.

Na mesma linha foi abandonado o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que descarregou uma sucessão de tiros e granadas sobre policiais que foram ao seu encalço por desrespeitar determinações da Justiça.

Bem feito para eles.