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Bolsonaro sequestrou redes sociais e dificultou primeiros 100 dias de Lula
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Os cem primeiros dias do segundo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram quando ele se saiu melhor, se comparados com o mesmo período do primeiro mandato e da gestão atual. Por um motivo muito simples: Lula fez um primeiro mandato tão exitoso que foi reeleito apesar do escândalo do mensalão.
No primeiro mandato e, agora, Lula teve que lidar com as dificuldades deixadas por seu antecessor. Dificuldades essas que o PT apelidou de "herança maldita".
Diga-se de passagem que a tal herança maldita, recebida do tucano Fernando Henrique Cardoso no primeiro governo Lula, se tratava de uma crise econômica gerada pelo esgotamento do modelo de âncora cambial do Plano Real. Foi possível solucionar graças ao ajuste nos gastos públicos também deixado, como herança bendita, pelo antecessor.
Já a "herança maldita" deixada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi muito maior que a de FHC. Trata-se de uma verdadeira crise institucional, com a armadilha de uma tentativa de golpe de Estado, inclusive com o apoio de setores militares do governo federal e de governos estaduais, além de forças paramilitares milicianas.
Tudo isso foi gestado utilizando as redes socais, sequestradas pelo bolsonarismo. O ex-presidente e seus filhos, especialmente o Zero Dois, o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos), tomaram de assalto a web sem que as forças institucionais da política, tanto de esquerda e do centro democrático se dessem conta.
Tem-se que sublinhar que não foram um mar de rosas os cem primeiros dias do primeiro mandato. Além dos problemas econômicos, nem mesmo o combate à fome se mostrou um sucesso. Vale lembrar que o programa inicialmente anunciado por Lula, o Fome Zero, não deu muito certo. Teve que ser substituído pelo Bolsa Família, este sim a grande marca do governo.
Só por ter superado um golpe de Estado e as armadilhas armadas pelo bolsonarismo nas redes sociais, já daria para considerar exitosos esses primeiros dias do terceiro mandato de Lula. Mas, além disso tem-se que levar em conta que isso criou outra dificuldade para o atual presidente.
Normalmente, os governantes utilizam seus dois primeiros anos de governo para um aperto grande na economia. Um ajuste que permita a gastança dos últimos dois anos, visando a reeleição ou fazer o sucessor.
Mas a crise institucional e social deixada por Bolsonaro obrigou o presidente Lula a aplicar recursos do Tesouro em larga escala parar reajustar o salário mínimo a níveis adequados, manter o Bolsa Família e outros programas sociais importantes, como o Minha Casa Minha Vida e o Merenda Escolar.
Aí temos outro êxito desses primeiros cem dias: o político. Lula conseguiu construir maioria governista para sua base de sustentação política, mesmo tendo sido eleito por pequena margem de votos sobre o adversário e com uma aliança de partidos que seria minoria no Congresso.
A criação do chamado blocão, reunindo o PSD, o Republicanos e o MDB lhe garantiu não só a maioria para aprovar projetos de lei, como para diminuir o excessivo poder do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que comanda o centrão, liderado por PP e União Brasil, partidos dentro dos quais o governo também já conquistou algum apoio.
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