Bolsonaro se prepara para rompimento com PL, mas não agora
O ex-presidente Jair Bolsonaro disse a aliados que não acredita que permanecerá no seu partido atual, o PL. Mas ele acha que este não é o momento de romper. Publicamente, tem dito que não discute essa hipótese.
A ideia de Bolsonaro, num primeiro momento, é aumentar a bancada bolsonarista no Congresso Nacional e até de vereadores, prefeitos e governadores. Para isso, o ex-presidente tentará manter-se no PL até a chamada "janela partidária" de 2026.
A janela partidária ocorre seis meses antes das eleições para deputado federal, em geral entre março e abril. É quando os deputados podem mudar de legenda sem sofrer qualquer punição e habilitados a concorrer à reeleição.
É nesse momento que Bolsonaro pretende juntar seu grupo e decidir se permanece ou não no PL. No caso de migrar para outra legenda, os bolsonaristas levarão consigo o dinheiro do Fundo Partidário.
Bolsonaro ainda não decidiu se, na saída, trabalhará novamente pela criação de um novo partido, ou se tentará abrigar seu grupo em outra legenda. Suas tentativas anteriores de criar uma legenda própria não deram certo.
Mesmo inelegível em 2026, Bolsonaro ainda nutre esperanças de se recandidatar ao Planalto na eleição presidencial seguinte. Em 2026 apoiaria um candidato da sua estrita confiança, independentemente do PL.
O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, sabe dos planos de Bolsonaro. Os dois sabem das dificuldades de relacionamento e conversam francamente sobre as possibilidades futuras.
Também não interessa ao PL romper agora com o grupo bolsonarista. A ideia de Valdemar é usar o ex-presidente como cabo eleitoral nas eleições municipais de 2024.
Na janela partidária de 2026 seria feita uma avaliação sobre a possibilidade de os bolsonaristas permanecerem no partido. Valdemar acha que esta é a melhor hipótese, pois mantém na legenda o Fundo Partidário, que é definido com base no número de deputados eleitos.
Ou seja, tanto Bolsonaro como o PL pretendem manter no momento seu casamento de aparências. Não se amam, mas por enquanto continuam lucrando com a união.
Reportagem
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