"Centrão cobrou caro pela aprovação do arcabouço", diz vice-líder petista
Vice-líder do bloco da Maioria na Câmara, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) disse à coluna que, em troca da aprovação do arcabouço fiscal pela Câmara, o centrão está cobrando "muito mais" do que cargos na reforma ministerial.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que comanda o centrão, informou aos aliados que o grupo deve receber do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo menos dois ministérios e a presidência da Caixa Econômica Federal.
Lula está em visita à África e o centrão dá como certo que, na volta, ele deverá anunciar as primeiras mudanças.
Lindbergh Farias, no entanto, reclama que o centrão está impondo ao governo um pagamento maior além dos cargos.
"Eles decidiram retirar a taxação das off-shores da medida provisória que reajusta o salário mínimo de 2024. Só aí é uma perda de arrecadação de R$ 3 bilhões para o Tesouro", reclama.
Lindbergh enfatiza que mesmo o texto do arcabouço aceito pelo centrão irá impor uma derrota ao governo.
"O centrão decidiu derrubar a emenda aprovada no Senado que permitia o envio do Orçamento com despesas condicionadas à inflação", explica Lindbergh. As despesas condicionadas à projeção de inflação dariam uma folga calculada em até R$ 40 bilhões nas contas do governo em 2024.
Segundo ele, além disso, o centrão ainda ameaça ampliar o projeto de desonerações da folha de pagamento das empresas. O bloco marcou para a semana que vem votar a urgência do projeto e submetê-lo imediatamente ao plenário.
Há risco de, além dos benefícios a 17 setores empresariais, também beneficiar municípios com até 142 mil habitantes. O texto permitirá que as empresas paguem alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta, em vez de 20% sobre a folha de salários. Quanto aos municípios, se o texto for mantido, serão beneficiadas cerca de 3 mil prefeituras que teriam a contribuição previdenciária reduzida sobre a folha de salários, de 20% para 8%.
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