Tales Faria

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Aplicativo contra roubo de celular serve para campanha na sucessão de Dino

O ministro da Justiça, Flávio Dino, fez questão de lançar o novo aplicativo contra roubo de celulares antes de deixar o cargo para assumir a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).

O lançamento ocorre nesta terça-feira (19), mas o produto estará disponível para aquisição a partir de quarta-feira nas lojas virtuais de aplicativos.

Com o lançamento, Flávio Dino tenta matar dois coelhos com uma só cajadada. Ou melhor, duas campanhas com um só lançamento.

O primeiro efeito do anúncio é demonstrar que a área de Segurança Pública tem tudo a ver com a pasta da Justiça. Há uma forte pressão do PT e do centrão no governo para a criação do Ministério da Segurança Pública, diminuindo as atribuições da Justiça.

Dino tem-se dito contrário ao desmembramento do ministério. Ele afirma que Justiça e Segurança são temas tão imbricados que a separação acabaria criando dificuldades para a execução dos programas nas duas áreas.

O segundo efeito do anúncio do aplicativo é que ele dá maior visibilidade ao candidato de Flávio Dino à sua sucessão no comando do Ministério. Trata-se do secretário-executivo da pasta, Ricardo Cappelli, que também conta com o apoio do PSB, partido dele do ministro.

Cappelli foi designado por Dino para fazer a divulgação do novo aplicativo, apresentado como um produto capaz de tornar rapidamente inoperantes os celulares furtados, o que impossibilitará a reutilização e negociação dos aparelhos no mercado paralelo.

Com isso, a expectativa é de uma queda abrupta nos roubos e furtos de celulares, hoje uma febre nas grandes cidades do país.

Na área de Segurança do governo, o aplicativo está sendo tratado como algo tão importante para o público quanto o Pix se tornou para a área financeira.

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Jornalista, Ricardo Cappelli ganhou visibilidade quando assumiu como interventor no Distrito Federal em plena crise provocada pelos ataques antidemocráticos do dia 8 de janeiro às sedes dos Três Poderes. O comando das polícias do DF estava envolvido na tentativa de golpe.

Logo após esse período, Cappelli ainda assumiu interinamente a chefia do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República num momento difícil, após a queda do general Gonçalves Dias.

O secretário-executivo é homem de confiança do ministro Flávio Dino, de quem foi companheiro quando ambos estavam no PCdoB. Ele foi secretário de Comunicação do Maranhão no governo Dino.

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