Posse de Magda Chambriard põe em xeque Marina Silva no governo
O Palácio do Planalto avalia que a permanência da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, no governo será colocada em teste com a posse da nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem dito a auxiliares que não abre mão de Marina na Esplanada dos Ministérios. Mas o próprio Lula admite que tem um problema pela frente.
Em sua primeira entrevista coletiva de imprensa, Magda Chambriard colocou o dedo na ferida. Deixou claro que assumiu com orientação de aumentar as reservas petrolíferas do país e o número de refinarias capazes de produzir combustível.
Chambriard expressou uma preocupação do presidente da República. Lula avalia que será fundamental, até para a sobrevivência de seu governo, a exploração de novas fontes de petróleo descobertas no litoral norte do país — como a da Foz do Amazonas, na margem equatorial — e na região Sul, na bacia de Pelotas.
Na primeira entrevista coletiva de imprensa após a posse, ela revelou o bordão do governo para o setor petrolífero, que não agrada muito aos ecologistas: "Deu lucro? Queremos".
Chambriard defendeu as vantagens de se ampliar a capacidade de refino no Brasil, inclusive com a recompra de refinarias privatizadas. "O refino agrega valor. Enquanto agregador de valor, nos interessa", disse.
Também citou expressamente a produção na foz do Amapá:
"Superamos grandes desafios no pré-sal e todos ficaram satisfeitos com o retorno, garantindo qualidade e royalties para estados e municípios. Hoje o petróleo é crucial para o Rio de Janeiro e esperamos que ele seja crucial também para o Amapá."
Por tudo isso o Planalto avalia que se o Ministério do Meio Ambiente insistir em impedir a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, na altura do Amapá, ou mesmo no Litoral Sul, Lula terá que decidir se fica com Marina, ou se fica com seu governo.
Ou seja, a permanência de Marina será posta em xeque.
O problema é que a ministra já foi posta contra a parede no segundo governo Lula, depois de uma série de choques com a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, por conta da demora na concessão de licenças ambientais.
Aliás a mesma demora que está sendo cobrada agora do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) na licença para estudos na Foz do Amazonas.
No embate com Lula e Dilma, Marina acabou optando por deixar o governo, em maio de 2008.
No PV e no PSB, tornou-se uma adversária forte do PT, concorrendo com chances reais à Presidência da República.
O rompimento só foi desfeito com a volta de Lula ao governo e o convite para Marina assumir o Meio Ambiente.
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Quero receberUm novo rompimento agora seria trágico. Mas não está de todo afastado.
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