Thais Bilenky

Thais Bilenky

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Pacheco driblou governo ao aprovar PEC das Drogas

Segundos depois da aprovação em primeiro turno da PEC das Drogas no Senado na terça-feira (16), o líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT), desceu da Mesa. Ele tinha passado as horas anteriores em negociação direta com o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O senador Humberto Costa (PT-PE) perguntou a Wagner se haveria votação em segundo turno, como a oposição queria. Wagner respondeu que não. Que por ontem era só o primeiro turno.

Parte dos senadores se desmobilizou. Três minutos depois, Pacheco pôs a PEC pra votar de novo e a aprovou em segundo turno repetindo a ampla maioria favorável (53 a 9 no primeiro turno e 52 a 9 no segundo).

Segundo a assessoria de Pacheco, a decisão foi tomada após o resultado do primeiro turno.

De autoria do próprio Pacheco, a PEC deixou os senadores numa "sinuca de bico", como definiu Wagner. O petista passou as horas anteriores à votação negociando com o presidente da Casa.

Líderes como o cearense Cid Gomes, do PSB governista, se disseram contra a PEC, mas orientaram voto favorável.

"Nós não aderimos à TFP (Tradição, Família e Propriedade). Nós não estamos do mesmo lado desta onda ultraconservadora e reacionária que tem feito tanto mal ao nosso país", discursou Cid. "A atitude - que é muito comum aqui neste Senado - de enfrentar o Supremo Tribunal Federal não é também a nossa motivação", prosseguiu.

O STF tem um julgamento em curso em sentido contrário à PEC, que pode descriminalizar a maconha. O processo foi interrompido por um pedido de vistas.

"Hoje, nós apenas estamos votando junto, mas por motivações completamente diferentes, senhor presidente - e a motivação principal é que é de iniciativa, de autoria de vossa excelência, e em um projeto de autoria de vossa excelência eu voto cegamente", concluiu Cid Gomes.

Continua após a publicidade

Em sua fala, Jaques Wagner revelou que votaria contra a PEC, mas ao mesmo tempo criticou o STF e elogiou Pacheco.

"Eu sei que vossa excelência, como operador do direito brilhante que foi e que é na área criminal, sabe que essa não é a solução", introduziu.

"Mas obrigado a dizer: estamos fazendo uma tarde memorável pela afirmação do Plenário do Senado como legislador, o que, ao mesmo tempo, me perdoem, não sei se é eficiente, porque não sei se é isso que vai resolver o problema das drogas no Brasil.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

Só para assinantes