Apoio a Maduro custa caro demais e Lula mantém 'distância segura'
Depois de receber Nicolas Maduro com festa em Brasília e mediar acordo internacional pra viabilizar as eleições em 2023, o presidente Lula se afastou gradativamente do mandatário da Venezuela em 2024. Há alguns meses passou a manter uma espécie de "distância segura" do chavista.
A declaração de Lula nesta terça-feira (30) minimizando as acusações de fraude feitas pela oposição venezuelana foram um esforço para não se afastar demais do venezuelano e manter relevância regional e prestígio para ser uma espécie de fiel da balança do processo no país vizinho, segundo um auxiliar do Palácio do Planalto.
"Não tem nada de grave, não tem nada de assustador", disse o presidente à TV Centro América, afiliada da TV Globo em Mato Grosso.
No entanto, os sinais de afastamento vêm se acumulando ao longo dos últimos meses.
O mais contundente deles, na leitura de assessor palaciano, é o fato de nem Lula nem o governo terem reconhecido formalmente a vitória de Maduro na eleição de domingo (28) até agora.
O presidente americano, Joe Biden, reconheceu a vitória de Lula em 30 minutos na eleição de 2022. Os dois se falaram hoje no telefone a respeito do processo eleitoral venezuelano.
Segundo assessores no Palácio do Planalto, o apoio a Maduro custou caro demais a Lula, o que foi medido por exemplo em pesquisas de opinião. A imagem do presidente brasileiro ficou prejudicada após a recepção amistosa de Lula a Maduro no Palácio do Planalto em maio de 2023.
E Maduro cometeu "estripulias" como marcar a data das eleições no dia do aniversário de Hugo Chavez, seu antecessor, além do veto a candidaturas de opositores em processos tumultuados, que encareceram o apoio, na leitura de auxiliares do governo.
Resultado: de declarações como "o conceito de democracia é relativo", que Lula deu em junho de 2023, ele passou a dizer coisas como "fico torcendo para que a Venezuela volte à normalidade" em abril de 2024.
Reportagem
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