Thais Bilenky

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Opinião

Lula normaliza na Venezuela de Maduro o que ele contestou no Brasil

Se o objetivo do presidente Lula era se equilibrar para não perder nem prestígio internacional na questão venezuelana nem acesso a Nicolás Maduro, a entrevista que ele deu na terça-feira (30) não o ajudou. Lula cometeu contradições entre o que diz que vale pro Brasil e o que vale pra Venezuela.

Lula disse que a contestação feita pela oposição venezuelana à eleição de Maduro é "um processo normal". É uma contradição com as críticas reiteradas durante uma década pelo PT à contestação feita pelo PSDB após a vitória de Dilma Rousseff sobre Aécio Neves em 2014.

O presidente brasileiro também afirmou que não tem "nada de assustador" na Venezuela, mas 11 pessoas pelo menos já morreram nos protestos ocorridos em razão das eleições de domingo (28).

Em 2022, quando um petista foi morto por um bolsonarista durante uma festa de aniversário, Lula condenou a "intolerância" que resultou na tragédia. "Precisamos de democracia, diálogo, tolerância e paz", ele disse. Depois disse que o petista assassinado foi "vítima de uma violência que foi contra a democracia".

O governo brasileiro não reconheceu o resultado das eleições da Venezuela e cobra a divulgação das atas de votação, que são os boletins de urna usados no processo eleitoral do país. Ao falar com o presidente americano Joe Biden, Lula reiterou essa posição.

Na entrevista à emissora de televisão, defendeu a apresentação da ata de votação, mas minimizou as contestações de todo o processo.

O Brasil almeja ser o fiel da balança na questão venezuelana, e pra isso não descuida de seu acesso a Maduro. O assessor especial da presidência Celso Amorim tem canal direto com o ditador venezuelano e se mantém relevante na mediação da disputa.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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