Eleitor de Bolsonaro não liga para a "rachadinha"
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O eleitor de Jair Bolsonaro não está nem aí para o escândalo da rachadinha.
Confrontados com a suspeita de que a família do presidente desviou dinheiro público para pagar despesas pessoais e aumentar seu patrimônio, os mais ricos afirmam que o "PT roubava bilhões". Os mais pobres respondem que "todo político rouba, mas esse está me ajudando".
A avaliação é do economista Maurício Moura, CEO da consultoria Ideia Big Data, que desde 2017 faz o monitoramento digital de grupos de apoiadores de Bolsonaro.
Em entrevista à revista Época desta semana, Moura fala de outros achados que podem interessar à oposição.
Entre as coisas que NÃO afetam o ex-capitão junto aos seus eleitores, está, além do escândalo da rachadinha, a tentativa de pregar nele o rótulo de fascista. "O efeito é nenhum", diz o pesquisador.
Primeiro, porque uma grande parte da população desconhece o significado do termo. Segundo, porque quem conhece acha que "essa é uma forma muito radical de se referir ao presidente". Em suma, só funciona dentro da bolha.
O mesmo se dá em relação à aproximação de Bolsonaro com o Centrão. A parceria do ex-crítico da "velha política" com os reis do "toma lá dá cá" teve impacto zero na sua curva de aprovação.
E mesmo uma eventual demissão de Paulo Guedes, afirma Moura, tem grandes chances de ser bem digerida por apoiadores do governo. Dependendo do substituto que venha a ter o ministro, o mercado financeiro pode sofrer um estremecimento, mas a popularidade do presidente, muito provavelmente, não.
Se acusações de roubalheira, arroubos autoritários, adesão ao fisiologismo e nem mesmo a possibilidade de perder o ministro que foi um dos pilares da sua eleição são capazes de fazer cócegas na aprovação de Bolsonaro, o que há de ameaçá-la?
Para Moura, tirando o imponderável, a resposta é: um líder que unifique a oposição e tenha um plano de estabilidade econômica melhor que o dele. "Se for mais ou menos igual, a população vai reeleger o presidente", vaticina.
Ainda há chão até 2022.
Mas, no campo da oposição, não se vê unificador à vista, quanto menos com um plano na mão.
Quanto à pergunta sobre o motivo pelo qual Fabrício Queiroz depositou R$ 89 mil reais na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro, não é só que o presidente não quer esclarecê-la.
O problema mesmo é que muita gente não está interessada na resposta.
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