Apelo aos imbecis da internet: fiquem no bar e longe da vacina da covid-19
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Quem espalha mentiras pelas redes sociais o faz por militância, ignorância ou as duas coisas juntas.
Nos últimos dois dias, a internet foi tomada por uma aguerrida [bocejo] discussão sobre se era ou não verdadeira a fotografia publicada domingo pelo "Estadão" da praia de Ipanema lotada em meio à pandemia.
Isso porque meia dúzia de bolsonaristas, com a intenção de acusar o jornal de divulgar fake news, espalhou a falsa notícia de que a foto era antiga, anterior à crise do coronavírus. A fim de esclarecer a questão, o autor da foto teve de vir a público dar declarações, o jornal emitiu nota reafirmando a autenticidade da imagem e hordas de pessoas perderam parte do fim de semana empunhando lupas sobre os seus laptops.
O intenso debate e sua conclusão (sim, a foto foi feita no domingo, e sim, a praia de Ipanema estava fervilhando de banhistas nem aí para o coronavírus) não evitarão que, por muito tempo, muita gente continue a acreditar que o "Estadão" divulgou uma foto falsa. Na internet, o mais comum é que os desmentidos passem e as mentiras fiquem.
Um dos principais motivos a alimentar as fake news é o fato de as pessoas terem sede por informações que confirmem suas próprias ideias.
O outro é que as fake news quase sempre tornam a realidade mais "fácil" de entender. Considerar os vários fatores que fazem tanta gente desprezar os riscos de contágio em uma epidemia para poder estar com amigos e sentir um pouco de sol sobre a pele exige atividade cerebral. Bem mais simples é concluir que a "a imprensa mente". E quem há de resistir à força persuasiva da simplificação.
Olavo de Carvalho, o guru do bolsonarismo e autor de frases como "cigarro não faz mal à saúde" e "não há indícios conclusivos para afirmar que a terra não é plana", já declarou duvidar da eficácia da vacinação infantil.
A internet, na frase lapidar de Umberto Eco, "deu voz aos imbecis" que, antes dela, se limitavam a dizer suas bobagens "numa mesa de bar e sem prejudicar a coletividade".
Não há nada que se possa fazer contra isso. Mas às vésperas do evento mais esperado do ano — a aprovação da vacina contra o coronavírus—não custa torcer para que os imbecis se atenham às mesas dos bares.
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