Barroso deu uma desculpa para senadores salvarem a pele de Chico Rodrigues
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Ao determinar o afastamento por noventa dias do senador Chico Rodrigues, o ministro do STF Luís Roberto Barroso ofereceu um ótimo pretexto para o Senado exercitar o seu espírito de corpo.
Embora amparada pela lei (em 2017, por apertados seis votos a cinco, o STF entendeu que é possível o afastamento cautelar de parlamentar, desde que referendado pelo plenário do Senado), a decisão de Barroso mexeu com os brios e os sentimentos mais inconfessáveis do Senado.
A Casa não costuma sacrificar os seus, como sabe o ex-senador Aécio Neves, que permaneceu no exercício do mandato graças aos 44 votos de apoio que recebeu de colegas em 2017. Hoje deputado federal, Aécio teve o afastamento determinado naquele ano pela Primeira Turma do STF depois de ter sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República por ter pedido e recebido 2 milhões de reais da JBS. Seus colegas vetaram sua saída.
Agora, além de Chico Rodrigues, estão na alça de mira STF dois outros senadores: Telmário Mota, do Pros, e Mecias de Jesus, Republicanos, ambos de Roraima e apontados por testemunhas como participantes do mesmo esquema de direcionamento de verbas para o combate da Covid-19.
E a lista de excelências suspeitas deve crescer.
Ao optar por despejar milhões de reais destinados ao combate do coronavírus na mão de aliados, por meio da liberação de emendas selecionadas a dedo, o governo abriu a porteira para a farra da corrupção.
Roraima foi apenas o primeiro caso. Um ex-senador familiarizado com métodos de enriquecimento de ex-colegas aposta que novos escândalos envolvendo liberação de emendas para a Saúde irão surgir em breve nas regiões Nordeste e Centro-Oeste.
Em favor de Rodrigues, conta ainda o fato de que comandará a votação que decidirá pelo seu afastamento ou permanência Davi Alcolumbre. Em franca campanha para a reeleição à presidência do Senado, tudo o que Alcolumbre menos deseja é melindrar os parlamentares para os quais um eventual posicionamento seu em prol do senador Rodrigues soaria como uma defesa da "independência" da Casa.
O ministro Barroso, ao colocar sua colher no Legislativo, e de forma monocrática se antecipar a eventuais medidas vindas de lá, pode ter contribuído para salvar a pele do senador Rodrigues.
Mas a iniciativa certamente lhe renderá bons aplausos nos restaurantes — que é, afinal, o que importa.
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