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Thaís Oyama

Redes decretam que Caetano é homofóbico e Flávio Dino, fascista

Colunista do UOL

23/11/2020 11h20

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O cantor Caetano Veloso está sendo acusado de homofobia.

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), de fascista.

Assim, de cabeça para baixo, amanheceram as redes sociais do dia 23 de novembro do ano do Senhor de 2020.

Caetano entrou na mira do cancelamento porque postou uma mensagem celebrando o aniversário do filho Moreno em que lembrava ter sido seu primogênito concebido por "reprodução heterossexual".

"Hoje, 22, é aniversário de Moreno. Parabéns. Parabéns à vida, à reprodução heterossexual, ao mundo que ganhou um habitante tão luminoso".

Flávio Dino foi parar no tribunal da esquerda furibunda porque declarou apoiou ao candidato à prefeitura do Recife, João Campos, do PSB, rival da petista Marília Arraes.

De nada adiantou a blindagem odara do músico que personificou a liberação dos costumes no Brasil também na área do comportamento sexual. Tampouco quiseram as hordas digitais recordar que o apoio do comunista Dino ao pessebista Campos apenas reproduz alianças muito semelhantes às que o PT já celebrou em passado recente.

Mas os justiceiros sociais ávidos por sangue se convenceram de que viram a luz. Pertencem a eles as alianças, os pensamentos e as palavras corretas. E cabem a eles enquadrar no bom caminho toda ovelha desgarrada, ainda que na base do porrete.

Afinal, como na luta do bem contra o mal tudo é permitido, qual o problema de se valer de censura, intolerância e ódio para varrer da face da terra traidores, néscios, ignorantes e incivilizados que, se misóginos ou machistas, são também por extensão e por óbvio, racistas e fascistas?

Os tribunais das redes sociais decretaram que, a partir de hoje, Caetano Veloso é homofóbico e Flávio Dino, fascista.

A direita deve ter amanhecido às gargalhadas.