A Abin paralela e a profecia de 2018 do general: "Vai dar em impeachment"
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"Isso aí vai dar em impeachment". Foi o que disse um general do Planalto quando, na fase de transição do governo Temer para o governo Bolsonaro, o filho Zero Dois do presidente, Carlos Bolsonaro, tentou instalar uma estrutura paralela à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) dentro do Palácio do Planalto.
Carlos já havia chegado a montar a equipe. Seriam três policiais federais que, chefiados pelo delegado Alexandre Ramagem, teriam a função de proteger fisicamente o presidente Bolsonaro e identificar "esquerdistas" infiltrados no palácio. Partiu do general Valério Stumpf o primeiro alerta sobre a falta de cabimento da iniciativa.
Então secretário executivo do GSI, nomeado ainda no governo Temer, o general Stumpf, hoje comandante militar do Sul, lembrou que o plano do Zero Dois atropelava tanto o Gabinete de Segurança Institucional (o GSI, que tem entre suas funções zelar pela segurança do presidente da República) quanto a Abin (responsável por levantar dados sobre os servidores do governo). Em janeiro de 2019, primeiro mês do governo Bolsonaro, a ideia da Abin paralela foi descartada pelo general Augusto Heleno, ministro do GSI.
Na semana passada, a revista Época revelou que a Abin enviou relatórios para as advogadas de Flávio Bolsonaro com a finalidade de ajudá-las a livrar seu cliente das malhas da Justiça anulando a ação da "rachadinha". O argumento para a anulação seria de que a ação incluiria dados fiscais de Flávio ilegalmente acessados por um grupo de funcionários da Receita Federal.
Embora a defesa de Flávio tenha confirmado à revista o recebimento dos relatórios e sua procedência (a Abin), o GSI negou que a agência de inteligência tenha produzido os documentos.
Agora, a revista Crusóe endossa a reportagem da Época e acrescenta que o responsável pelo envio dos relatórios a Flávio Bolsonaro e suas advogadas foi ninguém menos que o próprio Alexandre Ramagem, hoje diretor da Abin -- que agora abrigaria em seu seio uma "Abin do B", como sempre sonhou o clã Bolsonaro.
Está nas mãos do Procurador-Geral da República, Augusto Aras, determinar a investigação das denúncias feitas pelas duas revistas. Se confirmadas, elas podem não dar em impeachment, como vaticinou há dois anos o general Stumpf, mas não será por falta de gravidade.
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