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Thaís Oyama

Se vacinação não começar logo, Bolsonaro perderá apoio entre apoiadores

Colunista do UOL

28/12/2020 11h23

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México, Chile e Costa Rica já estão vacinando suas populações contra a Covid-19.

Os governos dos três países firmaram acordos de compra com a Pfizer no início do segundo semestre e receberam as primeiras doses da vacina no último dia 24, véspera do Natal.

Além do imunizante da Pfizer, o México já tinha reservado doses da vacina de Oxford e da menos conhecida Ad5-nCOV, do laboratório chinês CanSinoBio. O Chile também cuidou de firmar mais de um acordo para garantir o seu estoque: comprou a vacina de Oxford e a Coronavac. A segunda compra de Costa Rica também foi a vacina de Oxford.

Já o Brasil, como se sabe, apostou num cavalo só e, por isso, continua a pé.

A vacina de Oxford, produzida pelo laboratório AstraZeneca, foi a única compra antecipada feita pelo governo Jair Bolsonaro. É a mais barata entre as principais vacinas contra o coronavírus (custa 4 dólares a dose, ante 10 dólares da Coronavac e 20 dólares da Pfizer).

Em sua fala mais recente, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que a vacina de Oxford chegará ao Brasil no "final de janeiro na melhor hipótese, indo até meio de fevereiro, final de fevereiro, numa pior hipótese". Mas como o general especialista em logística tem se mostrado ruim de previsões, não é bom confiar.

O presidente Jair Bolsonaro disse na semana passada não entender por que tanta pressa pela chegada das vacinas. Mais recentemente, afirmou não dar bola para a pressão em torno do assunto.

Ontem, parece ter começado a mudar de ideia. Postou em sua conta no Facebook que (também) "tem pressa pela vacina" e que "tão logo um laboratório apresente seu pedido de uso emergencial, ou registro junto à Anvisa, e esta proceda a sua análise completa e o acolha, a vacina será ofertada a todos e de forma gratuita e não obrigatória".

Pesquisa Exame/Ideia Big Data divulgada na semana passada mostrou quão alto é o grau de ansiedade dos brasileiros pelo início da imunização. Quase 70% dos entrevistados disseram esperar receber a vacina ainda no primeiro semestre do ano que vem. Segundo cruzamento feito pelo instituto, a maior parte desses 70% é formada por apoiadores do governo federal. Isso significa que, se a expectativa da vacinação ainda no primeiro semestre se frustrar, essa frustração poderá cair direto na conta do governo Bolsonaro.

Se é verdade, portanto, que o presidente não dá bola para a pressão sobre a vacinação, deveria começar a dar. Até porque amanhã começa a dos argentinos.