Na eleição mais apertada da Câmara, Bolsonaro está em maus lençóis
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Falta menos de um mês para a eleição do novo presidente da Câmara e, seja quem for o vencedor, o presidente Jair Bolsonaro não terá vida fácil.
Se vencer Baleia Rossi (MDB), o candidato de Rodrigo Maia (DEM), o ex-capitão terá na liderança da Casa um obstáculo para os seus esperneios autoritários; ficará sem o controle da agenda da Câmara nos dois anos finais do seu mandato; e viverá à sombra da ameaça do impeachment — dado que a vigência da hipótese foi uma das condições que a esquerda impôs para apoiar Rossi.
Se vencer, porém, o candidato do governo, Arthur Lira (PP), tampouco Bolsonaro poderá respirar aliviado. É verdade que o presidente terá um aliado no lugar daquele que hoje considera ser um adversário, Maia. É fato que poderá passar a mão no telefone e pedir ao novo eleito que fure a fila para priorizar a votação de pautas de seu interesse. E é provável também que consiga tirar do seu campo de visão, ao menos por algum tempo, a ameaça de impeachment.
Mas a vitória do líder do Centrão sairá caro para Bolsonaro e mais caro ainda sairá para o presidente patrocinar sua sustentação pelo bloco ao longo dos próximos anos.
Em troca de apoio à eleição de Lira na Câmara, o governo já prometeu a aliados quatro ministérios, um sem fim de cargos comissionados e 1,9 bilhão em recursos públicos a serem gastos em obras por indicações de deputados — fora as emendas parlamentares tradicionais que, em alguns casos, têm ultrapassado a casa dos 100 milhões de reais, de acordo com relatos de congressistas.
E a derrama não vai parar por aí.
Bolsonaro vai apertando o garrote
Desde que, por um erro de cálculo, Jair Bolsonaro implodiu o partido pelo qual se elegeu, e que estreou na Câmara com 54 deputados, o ex-capitão amarrou um laço no próprio pescoço. Ao decidir consertar o erro socorrendo-se junto ao Centrão, apertou um pouco mais o nó. Agora, pelos próximos dois anos, correrá o risco de se autogarrotear diante do primeiro "não" com que desafiar o grupo.
Diz um conhecedor do bloco de partidos notório pela capacidade de farejar presidentes em apuros e tirar disso o máximo proveito: "É como se Bolsonaro tivesse contraído um empréstimo com agiotas a juros de 10% ao mês. Pagou o primeiro mês, pagou o segundo, mas talvez não tenha dinheiro para pagar o terceiro. E agiotas não perdoam".
O Centrão saliva. Sabe que 2021 será o seu ano, com ou sem a vitória de Lira.
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