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Thaís Oyama

REPORTAGEM

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Lavajatista, Olimpio sonhava disputar a presidência se Moro não concorresse

O senador Major Olimpio, morto ontem pela covid-19: lavajatista ferrenho - Roque de Sá/Agência Senado
O senador Major Olimpio, morto ontem pela covid-19: lavajatista ferrenho Imagem: Roque de Sá/Agência Senado

Colunista do UOL

19/03/2021 09h27

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Próximo do ex-ministro Sergio Moro, o senador Major Olimpio, morto ontem pela covid-19, sonhava em concorrer à Presidência da República em 2022 pelo PSL caso o ex-juiz decidisse não entrar na disputa.

O senador ambicionava montar uma chapa tendo como vice o general Carlos Alberto Santos Cruz. O ex-ministro da Secretaria de Governo de Bolsonaro, que não é filiado a nenhum partido, era, na visão de Olimpio, "um general que não compactuou com o sistema, ao contrário dos outros que permanecem no governo".

Olimpio chegou a procurar Santos Cruz para um encontro em janeiro, como confirma o general. "Ele me escreveu, sem dizer qual era o assunto, e eu respondi que estava à disposição para encontrá-lo. Mas com a pandemia e a interrupção das sessões presenciais no Senado, não tivemos tempo para essa conversa", afirma Santos Cruz.

Antes de romper com Bolsonaro, Olimpio foi um de seus aliados mais próximos. Em 2017, quando o ex-capitão era ainda um deputado do baixo clero e se candidatou pela quarta vez à Presidência da Câmara, um dos parcos quatro votos que recebeu veio do major, então em seu primeiro mandato como deputado federal.

Naquele mesmo ano, Olimpio integrou o núcleo de parlamentares obscuros que começou a se reunir na casa do hoje ex-deputado Alberto Fraga para conversar sobre a possibilidade de lançar Bolsonaro à presidência.

Quando, já na reta final da campanha de 2018, o ex-capitão foi esfaqueado em Juiz de Fora e teve de ser transferido para São Paulo, Olimpio foi uns dos que viajaram com ele no avião-UTI que levou o candidato para o hospital Albert Einstein. Os outros passageiros eram Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secom, e Nabhan Garcia, secretário de Assuntos Fundiários.

Major Olimpio, eleito senador, rompeu com Bolsonaro em agosto do ano passado. Segundo disse, a gota d'água foi o fato de o presidente e seu filho Flávio Bolsonaro tentarem pressioná-lo a não assinar o pedido de abertura da CPI da Lava Toga, que teria como principal investigado o ministro do STF Dias Toffoli. À época, o senador declarou que Bolsonaro queria barrar a Lava Toga para "proteger seu filho bandido". Até a manhã de hoje, o presidente não havia se manifestado sobre a morte de seu ex-aliado.

Ferrenho defensor da Lava Jato, Major Olimpio não chegou a testemunhar a mais importante virada por que passou a operação.

Já estava na UTI quando Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal, anulou as condenações do ex-presidente Lula e quando a Segunda Turma do tribunal iniciou o julgamento da suspeição de Moro, que pode ter como consequência a derrubada em série de sentenças originadas da operação que ele defendia.

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