Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
O que muda e o que não muda com Braga Netto e as trocas de comando militar
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
O Exército tem só 16 generais quatro estrelas na ativa.
Para efeito de comparação, o posto imediatamente inferior, o dos generais de divisão, tem 47 nomes; e o anterior, o dos generais de brigada, quase cem.
Para chegar ao seleto clube dos generais quatro estrelas, ou de Exército, passa-se por um filtro apertado. O candidato a integrante da elite da Força, além de ter de apresentar resultados melhores que os colegas nas avaliações a que os oficiais são submetidos duas vezes por ano, precisa cumprir certas exigências não escritas, mas não menos importantes. Algumas delas: ter experiência como instrutor em escolas da Força, ter servido em diversas regiões do Brasil, ser bem conceituado entre os seus pares e ter uma vida pessoal sem grandes turbulências (casamentos estáveis contam).
Sendo as exigências tão rígidas e imutáveis, é natural que os que passam pelo filtro sejam muito parecidos entre si.
Essa homogeneidade já rendeu piadas e lendas. Uma delas diz que, na época da passagem do regime militar para o democrático, Tancredo Neves, já escolhido pelos militares para conduzir a transição, procurou o então comandante do Exército do governo João Figueiredo, Walter Pires, para perguntar-lhe que general deveria escolher para sucedê-lo na Força. Pires teria respondido ao mineiro que escolhesse qualquer um. "Todos pensam igual", afirmou o militar (o resto da piada não interessa aqui, mas diz que Tancredo, por não acreditar em conselhos, acabou escolhendo para o posto Leônidas Pires Gonçalves justamente por ser ele o "menos igual" dos generais).
Paulo Sérgio Oliveira, substituto de Edson Pujol no comando do Exército, é um general quatro estrelas tão igual quanto o seu antecessor e os generais do Alto Comando - todos forjados nas mesmas escolas, adeptos dos mesmos princípios e promovidos ao posto pelos mesmos critérios.
Pujol caiu em desgraça junto ao presidente Jair Bolsonaro por ter se recusado a colocar o Exército a serviço do governo, no que teve o apoio de seu chefe imediato, o ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva. Nada indica que o general Paulo Sérgio, que agora substitui Pujol, pense diferente dele.
Do lado do Exército, portanto, é altamente improvável que a relação com o governo vá mudar a partir da troca de comando. Já do lado do governo, será preciso pagar para ver.
O ministro Braga Netto, que substitui Fernando Azevedo e Silva na pasta da Defesa, foi para a reserva em março do ano passado, depois de assumir a chefia da Casa Civil. É tido como mais carismático, mais "líder" e até mais próximo do Exército que o seu antecessor. Ainda assim, colegas do general, da reserva e da ativa, não põem a mão no fogo por ele. Sabem que Braga Netto deixou a farda do lado de fora do Palácio do Planalto e agora é um político. E de políticos não se espera que sigam cartilha alguma, apenas o rumo dos ventos.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.