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Wálter Maierovitch

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Com iminente mega-ataque na Ucrânia, Putin destrói direito internacional

Vladimir Putin, presidente da Rússia - Sputnik/Mikhail Klimentyev/Kremlin via REUTERS
Vladimir Putin, presidente da Rússia Imagem: Sputnik/Mikhail Klimentyev/Kremlin via REUTERS

Colunista do UOL

09/02/2023 17h53Atualizada em 10/02/2023 12h06

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O direito internacional está na UTI desde a invasão da Ucrânia pela Rússia. Agora, está para entrar em estado terminal.

Tudo começou quando Putin ignorou a Carta da Organização das Nações Unidas, de 1945. Sem pestanejar, atropelou o estabelecido na Assembleia geral da ONU de 1970 e rompeu com o acordo de Minsk de 2015.

Num resumo. O presidente Putin esqueceu da obrigação da convivência pacífica. Atentou contra a soberania do Estado ucraniano, desrespeitou a integridade territorial ao promover guerra de conquista. Também deu de ombros à garantia da autodeterminação dos povos. E fez tábula rasa, esquecimento, ao acordo de Minsk ao atacar as regiões de Dombass, Donetsk e Lugansk.

O esforço da diplomacia internacional e as iniciativas pacificadoras promovidas por chefes de Estados, Recep Tayyip Erdogan (Turquia) e Emmanuel Macron (França) à frente, não lograram êxitos.

Para não violar o Direito Internacional, EUA, União Europeia e vários outros países adotaram a tese, - para evitar a terceira guerra mundial -, da atuação em auxílio interno à Ucrânia, dada encontrar-se esse Estado-nação em situação de legítima defesa.

A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) ficou em alerta, pois, sempre à luz do Direito Internacional, só poderia reagir caso atacado um dos seus estados-membros.

Para evitar um conflito mundial, vive-se no faz de conta. Despejam-se armas e dinheiro a rodo para a Ucrânia defender-se da Rússia. E, assim, usa-se o manto protetor do Direito Internacional para se sustentar que só a Ucrânia está em guerra com a Rússia de Putin.

Pelo seu lado, a Rússia, em razão das recentes derrotas e da grande quantidade de soldados e oficiais mortos, contratou os mercenários do chamado Grupo Wagner.

O grupo Wagner, que se apresenta como "Private Military Company" (Companhia Militar Privada, na tradução livre), consiste num agrupamento de mercenários. Os combatentes, na sua maioria, são sérvios. O chefão da Wagner é Dmitry Valeryevitch Utkin, um declarado nazista. O nome Wagner vem do compositor e maestro alemão, da predileção de Hitler.

Como os serviços de inteligência informaram da preparação de um arrasante ataque russo, que virá com reforço de contingente e novas estratégias, vários países, EUA à frente, reforçam o apoio à Ucrânia.

Até a Alemanha, depois de relutar, já está a fornecer os seus tanques do tipo Leopard 1. Tudo sob invocação do Direito Internacional, ou seja, em auxilio a um país invadido e atacado. E que apenas se defende.

Diante do iminente ataque, o presidente Volodymir Zelensky, hoje no período da manhã, foi recebido no parlamento europeu.

Tudo está sendo costurado para a Ucrania ser o 28º estado a integrar a União Europeia.

Com o Parlamento lotado, a presidente Roberta Metsola, acompanhada do vice Frans Timmermans, recebeu, em sessão solene, Zelensky. Na primeira fila, estava a poderosa Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia e entusiasta do ingresso da Ucrânia na União Europeia.

Desta vez, Zelensky não pediu armas, munições e dinheiro. Fez um discurso emocionado e a ressaltar ser a Ucrânia europeia. Aos eurodeputados destacou o risco representado pelos russos: "Quando a Ucrânia cair, ruirá o modo de viver dos cidadãos dos estados-membros da União Europeia. O vosso estilo de vida acabará. Não podemos permitir que isso aconteça. No estilo de vida europeu prevalecem o indivíduo e a lei".

O discurso de Zelensky, aplaudido de pé pelos eurodeputados, foi antecedido de contundente discurso da presidente Metsola: "A Ucrânia está na Europa. O futuro de Kiev está na Europa. Devemos honrar isso não só com palavras, mas fornecer o necessário para proteger a liberdade deles (ucranianos), que muito nos deram".

O maciço ataque russo, como já frisado acima, está sendo classificado como iminente. Para os 007 da inteligência dos estados ocidentais, Putin quer vingança. Não engole o fato do insucesso das tropas russas. E Putin sofre pressão interna pelas inúmeras mortes de soldados e por ter dado preferência àqueles não adestrados, por imaginar que a tomada do leste da Ucrânia seria "um passeio". Teve de ir atrás dos mercenários da Wagner.

Enquanto Zelensky esteve hoje cedo no Parlamento Europeu e saiu fortalecido perante o mundo civilizado, — isso ao mostrar a Ucrânia como vítima do imperialismo de Putin —, o presidente Lula, na agenda com Biden, pretende se lançar como futuro e eficaz mediador do conflito entre Ucrânia e Rússia.

Pano Rápido. Lula sabe que receberá a negativa de Biden e pode imaginar as caretas de desagrado de Erdogan e Macron, pois eles não conseguiram nada nas tentativas de pacificação.