Wálter Maierovitch

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Opinião

Cúpula da Otan termina na Lituânia e decepciona Zelensky

Como previsto, terminou na Lituânia, nesta quarta (12), a reunião de dois dias da cúpula da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), também conhecida como Aliança Atlântica.

Zelensky esperava e pressionava pelo reconhecimento da Ucrânia como novo estado membro da Otan.

Apenas a Suécia recebeu o sinal verde de ingresso, depois de levantado o embargo pelo presidente turco, Recep Erdogan.

O presidente Zelensky não escondeu a decepção com o atraso no reconhecimento: "É um absurdo sem precedente a inexistência de um calendário de metas, nem para o convite e nem para o ingresso da Ucrânia na Otan".

O imediato deferimento da aprovação geraria um problema de impossível solução pacífica à luz do direito internacional, como explicada neste espaço, na coluna anterior. Ou seja, a Otan teria de entrar no conflito.

Em se tratando de invasão territorial ilegítima e com a Ucrânia em situação de legítima defesa, a Otan teria de proteger o seu estado membro, não importando a data do ingresso. E, sempre consoante o direito internacional, a situação não se enquadra como guerra. Frise-se, trata-se de invasão e atuação ucraniana em defesa e não de ataque.

Diante da manifestação de decepção de Zelensky, o secretário-geral da Otan, o reeleito Jeans Stoltenberg, arrumou uma explicação de ocasião. Stoltenberg lembrou terem os aliados oferecido à Ucrânia apoio político e um pacote de auxílios sem precedentes: "nem ao tempo da Guerra Fria", destacou.

O secretário-geral Stoltemberg ao usar a expressão "sem precedente" estava a se referir ao auxílio de 500 milhões de euros anuais para a modernização das forças armadas ucranianas. Lógico, para compatibilidade com armamentos e componentes de informática e telemática utilizados pela Otan e os seus estados membros.

Os especialistas em direito internacional público, ou melhor, no direito das gentes, entenderam prudente a decisão de adiamento pela cúpula da Otan. Isto porque do vértice da Aliança Atlântica saiu um expresso compromisso de aceitação, vencidos alguns obstáculos. Por isso, já se está a falar em " Compromisso de Vilnius", a ser cumprido num momento que seja mais oportuno e conveniente.

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Prêmio de consolação

Não se deve esquecer ter sido Zelensky um excelente ator profissional. É conhecido o seu trabalho de ator no teatro, cinema e televisão, antes de assumir a presidência da república ucraniana.

Então, foi fácil para Zelensky tornar mais grave a expressão e os gestos usados para externar a sua decepção. Na verdade, o ingresso da Ucrânia por deliberação do vértice da Otan reunido em Vilnius geraria consequências internacionais imprevisíveis.

Zelensky saiu, além dos auxílios militar e financeiro, com a seguinte declaração dos países membros da Otan: " Integral solidariedade com o governo e o povo ucraniano na heroica defesa da sua nação, do seu território e dos nossos valores comuns".

Pano rápido. Os russos não irão recuar e deixar o território ucraniano invadido. A Ucrânia, com auxílio externo, continuará apenas com os seus soldados a defender os valores do Ocidente e o espaço euro-atlântico.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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