Wálter Maierovitch

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Opinião

Alunos nus da Unisa podem recorrer da expulsão ou buscar outra universidade

Nesta semana, viralizaram nas redes sociais imagens de alunos da Faculdade de Medicina da Unisa (Universidade Santo Amaro) em práticas a evidenciar a consumação de crime denominado no Código Penal como "ato obsceno".

O vídeo mostra condutas obscenas de estudantes de medicina durante um torneio universitário de vôlei feminino.

Em lugar público e enquanto transcorria a partida de vôlei entre universitárias, os estudantes partiram, com o órgão sexual à mostra, para a prática onanista, ou seja, masturbação em público.

A propósito, lei diz ser crime "praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto, ou exposto ao público". A pena é de três meses a um ano de detenção, que pode ser substituída por prestação de serviços à comunidade, doação de alimentos, frequência a curso de ética e bons costumes.

As obscenidades mostradas, conforme revelado na edição de hoje do Jornal da CBN, estão presentes outras faculdades de medicina.

Dentre outras, a reportagem da CBN menciona a faculdade de medicina da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, que tem hospital-escola voltado ao atendimento humanitário, gratuito e de ponta a pacientes pobres e indigentes.

Diante da grande repercussão e indignação da sociedade, diretores de faculdades acionaram o Conselho Federal de Medicina e uma reunião com o ministro da Educação está sendo agendada.

Pela pauta enunciada, o episódio dos estudantes poderá servir apenas de mero pano de fundo. Os diretores e o conselho querem aproveitar para tratar da proliferação de faculdades de medicina, com cursos deficientes.

Na pauta, pelo que corre entre estudantes de medicina, não deverá entrar o tema relativo ao exame de qualificação profissional, tipo exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

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Pode-se estar a buscar reserva de mercado, algo sempre perigoso. A lembrar, a respeito, que a mensalidade em faculdade particular gira em torno de R$ 10 mil. E o inadimplente é barrado, se não renegociar e garantir os pagamentos.

Priapo: machismo e exibicionismo

O mitológico deus grego Priapo não teve lugar no Olimpo. Mas, ficou famoso e atravessou fronteiras. Quando Roma era a capital do mundo e contava com os seus próprios deuses, o Priapo grego foi objeto de culto. E são encontradas sempre a reprodução de Priapo em estatuetas, mundo afora.

Atenção! No Ocidente, Priapo transformou-se em símbolo do machismo, do exibicionismo.

Nas faculdades de medicina aprende-se sobre o priapismo e, em prontos-socorros, age-se para se evitar a gangrena do pênis em face de duradoura ereção.

Pelas notícias que correm, pode-se dizer ter o espírito machista e exibicionista do mitológico Priapo baixou nas faculdades de medicina brasileiras.

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Como no episódio da faculdade médica da Unisa, o mitológico deus grego Priapo está sempre na companhia do personagem bíblico Onã, identificado com a masturbação.

Pelo menos sete discípulos de Priapo —todos eles também cultores do supramencionado personagem bíblico Onã— foram expulsos da faculdade de medicina da Unisa. E espera-se tenham sido expulsos em procedimento disciplinar, assegurada a ampla defesa. Caso contrário, poderão ir à Justiça para solicitar a reintegração.

A faculdade de medicina da Unisa fez bem em não revelar nomes dos priapistas. Sobre dar publicidade aos nomes, isso é matéria a ser analisada pelo Ministério Público e a Justiça, e não pela universidade.

O obsceno e vulgar episódio —acrescido de tantos outros acontecimentos desrespeitosos e criminosos a envolver médicos em exercício, alguns condenados e presos — revela a necessidade de um reforço educacional na formação médica. Ou melhor, reforço nas disciplinas referentes à ética social e à ética médica.

O juramento de Hipócrates

O médico grego Hipócrates, morto no ano 377 a.C. e considerado o pai da medicina depois do trabalho precursor do egípcio Imhotep, deixou lições posteriormente reunidas em documento que passou a ser chamado de 'juramento de Hipócrates', ou 'juramento dos médicos'.

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Diante dos atos obscenos criminosos dos alunos de medicina da Unisa e de tantos outros universitários, o juramento de Hipócrates está a merecer aditamento para dele constar regras comportamentais e éticas para médicos. Numa imagem, o encontro de Hipócrates com Baruch Spinosa, que escreveu o consagrado livro intitulado A Ética, publicado em 1677.

Certamente, os expulsos da Unisa irão bater em portas de outras faculdades para a continuação do curso. Espera-se que além da transferência de faculdade, mobíliem as cabeças e mudem de atitude.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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