Wálter Maierovitch

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Opinião

Kamala pode escolher vice judeu hoje, após promessa de 'vingança' do Irã

Os assessores militares e políticos do presidente norte-americano Joe Biden, com auxílio de informações da área de inteligência, tentam projetar como será a prometida "vingança" iraniana em face da recente eliminação, em Teerã, do líder do polo da política exterior do Hamas, Ismail Haniyeh.

Mas apareceu algo novo a considerar: o partido democrata pode escolher hoje o nome de Josh Shapiro, governador da Pensilvânia, como candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Kamala Harris.

Advogados foram escalados e varreduras feitas na Justiça e no espaço "gossip". A conclusão foi que Shapiro não tem "esqueletos escondidos em armários", ou seja, nunca esteve metido em investigações e processos. E jamais suspeitou-se da sua participação em algum escândalo.

Por outro lado, o fato de Shapiro ser branco dará bom reforço no campo dos direitos humanos e igualitários, pois Kamala é filha de pai negro, um respeitado advogado, escritor e conferencista, e mãe indiana.

Shapiro, pouco tempo atrás, entrou duro no ataque a universitários revoltosos, grevistas e reitores dados como apoiadores do terrorismo palestino, diante da guerra Israel x Hamas.

Em discursos fortes, Shapiro falou em antissemitismo e que houve terrorismo no 7 de outubro, quando da invasão de Israel, com 1.200 mortes e tomada de reféns.

O seu lado positivo, no particular, deve-se às críticas à atuação do premiê israelense Netanyahu, conhecido sanguinário.

Apareceu um escrito do então estudante Shapiro, de mais de 20 anos, no qual ele expressa pessimismo quanto aos palestinos conseguirem se organizar num Estado. Até quanto um juízo antigo poderá pesar contra a sua aspiração, fica a dúvida.

Assim, por não ser tido como radical, Shapiro não causará problema para a chapa democrata, de acordo com as análises. E o Irã terá pouco a dizer, salvo o surrado discurso do sionismo satânico.

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Se o Irã esperar para atacar após a definição de um judeu como candidato a vice presidente, isso servirá apenas como propaganda.

O Irã usa o Hamas e outras organizações terroristas para impedir a ampliação e efetivação dos chamados Acordos de Abraão, diante do seu interesse hegemônico no Oriente Médio, com integração de Israel com Arábia Saudita, Autoridade Palestina e o mundo árabe. Os norte-americanos já perceberam isso, como ressaltou em artigo de hoje o jornalista Thomas L. Friedman, do The New York Times,

No mais, não interessa ao Irã um cessar-fogo. Muito menos a constituição de dois Estados para dois povos: os iranianos sabem que o Estado palestino estará nas mãos da Autoridade Palestina, já estabelecida na Cisjordânia e legitimada à luz do direito internacional, e não do Hamas.

Enfim, tudo será avaliado antes de se bater o martelo pró-Shapiro. Na hipótese de Shapiro não emplacar, despontam o senador pelo estado do Arizona Mark Kelly e o governador de Minnesota, Tim Walz.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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