Wálter Maierovitch

Wálter Maierovitch

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Netanyahu fora de controle deve estourar bomba de 90kg no ouvido de Biden

Uma bomba está para estourar os tímpanos do presidente americano Joe Biden. Conforme os 007 da inteligência ocidental, bombas de 90 kg serão jogadas em Gaza para destruir os túneis construídos pelo Hamas e desentocar os combatentes.

Para consultores militares europeus, Israel é um dos poucos países que possuem bombas com esse peso e efeito penetrante. Eles se espantam com o fato de os serviços de inteligência de Israel nunca terem percebido a construção dos túneis, obra com duração de, no mínimo, quatro anos, segundo avaliam.

Não se deve esquecer que até as paredes da Casa Branca sabem da antipatia do presidente Joe Biden ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

O "não" dado por Netanyahu à proposta americana de pausa humanitária em Gaza, considerada como certa por Biden, passou da antipatia para o nível da desconfiança.

Netanyahu de perfil trumpista e fora de controle

Embora falte pouco mais de ano para as eleições presidenciais nos EUA, a campanha eleitoral está nas ruas e estão ativas as pesquisas de intenção de voto.

O "não" de Netanyahu, de forma pública e sem aviso prévio a Biden, atingiu em cheio o eleitorado americano, pois ocorreu em entrevista a uma rede de televisão americana (ABC).

Desafiando Biden, o primeiro-ministro israelense avisou que a ocupação da Faixa de Gaza permanece por tempo indeterminado, depois de encerrado o conflito.

Biden também não esquece das posições geopolíticas de Netanyahu. Por exemplo, não aderir às sanções internacionais impostas à Rússia pela invasão da Ucrânia.

Continua após a publicidade

Tem mais: sem avisar os EUA, Netanyahu acertou com Putin não dizer palavra de reprovação à salvação política dada pela Rússia, por via militar com bombardeamentos aéreos, ao ditador sírio Bashar al-Assad, representante de uma minoria alauita.

Para Biden e para a diplomacia americana, Bibi Netanyahu finge esquecer que a Rússia violou à carta constitutiva das Nações Unidas e o Direito Internacional (Direito das Gentes).

Parênteses: quanto ao Direito Internacional, até um reprovado em exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) sabe da contribuição doutrinária da então escola da diplomacia soviética. A contribuição foi notável e gerou a incorporação ao Direito das Gentes, de princípios preciosos. Por exemplo: (1) a não agressão, (2) o respeito à soberania, (3) a autodeterminação dos povos, (4) a coexistência pacífica etc. Fechado do parêntese.

Os EUA fornecem anualmente cerca de US$ 4 bilhões de ajuda militar a diferentes países, incluído Israel — daí a insatisfação de Biden com o "não" televisionado.

Blinken coloca cartas na mesa

O secretário de estado Antony Blinken viu o plano de pausa humanitária e a proposta do governo americano para a gestão de Gaza desmoronarem em poucas horas, até uma pronta implantação do Estado palestino, com Mohamoud Abbas (Abu Mazen) a governar uma Palestina integrada por Cisjordânia, Gaza e Jerusalém leste.

Continua após a publicidade

De quebra, Blinken percebeu a entrada em cena do populista e oportunista Recep Tayyip Erdogan, presidente turco que criticou o apoio dos EUA a Israel, e colocou as cartas na mesa, num aviso a Netanyahu no encontro com os ministros de relações exteriores dos países integrantes do G7 (EUA, Japão, Canadá, Reino Unido, França Alemanha e Itália).

1. "não à ocupação de Gaza por Israel, depois do conflito".

2. "não à transferência forçada dos palestinos".

3. "não ser o território de Gaza usado como base para ataque terrorista".

4. "findo o conflito, não mais dever Israel assediar Gaza" — aqui ele falava sobre a não aceitação do bloqueio por terra, mar e ar, imposto a Gaza em 2007.

G7 e a carta de apoio aos EUA

Os supracitados ministros de relações exteriores dos países integrantes do G7 sensibilizaram-se com o exposto por Blinken. Evidentemente, torceram o nariz com a posição de Netanyahu. O discurso de Netanyahu em sua rede nacional sobre o primeiro mês de guerra também foi analisado pelos chanceleres.

Continua após a publicidade

A propósito, disse o empolgado Netanyahu: "Estamos chegando onde o Hamas nunca imaginou que pudéssemos chegar". Para esquerda israelense, a fala foi exagerada, tipo "já ganhamos".

Em entrevista, o ministro da defesa de Israel, Yoav Gallant, segredou que Yahya Sinwar, o chefe militar do Hamas em Gaza, estaria incomunicável no seu bunker. Com efeito, os chanceleres participantes do G7 prepararam uma carta de apoio. Não se sabe o teor, uma vez que será divulgada apenas quinta-feira (9). Mas, não estranhem se sóbria, pois chanceleres não chutam "pau de barraca".

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes