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Informação que associa saída de ministros franceses à cloroquina é falsa

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Uol confere olavo Imagem: Uol Confere

Alex Tajra

Do UOL*, em São Paulo

17/07/2020 04h00

Uma publicação do astrólogo e guru bolsonarista Olavo de Carvalho, na quarta-feira (15), no Facebook, afirma que o primeiro-ministro da França e o ministro da Saúde do país europeu perderam seus cargos e respondem a processo após supostamente vetarem a cloroquina como tratamento à covid-19.

Até a noite de quinta-feira (16), o post teve mais 2.600 compartilhamentos. Uma fanpage dele reproduziu a texto e já tinha mais 6.600 compartilhamentos. Mas a informação é falsa.

Na França o primeiro-ministro e o ministro da Saúde que vetaram a cloroquina perderam os cargos e respondem a processo. No Brasil, xingado de genocida é o presidente que, liberando a cloroquina, salvou milhares de vidas. Esse país é o paraíso da ignorância.

O agora ex-primeiro-ministro Edouard Philippe, a ex-ministra da Saúde Agnès Buzyn e o atual ministro Olivier Verán estão de fato sendo investigados pelo órgão equivalente à procuradoria-geral da França (Cour de Justice de la République, ou Tribunal de Justiça da República em tradução livre) por conta de suas atuações frente à pandemia de coronavírus. No entanto, não há comunicado oficial sobre a relação das apurações com o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina. Tampouco os jornais locais associaram a investigação ao medicamento.

Segundo o jornal Le Figaro e outros veículos de imprensa franceses, o inquérito foi aberto com base em nove denúncias que apontaram negligência na condução das ações contra a pandemia por parte do governo francês. Não foram divulgados detalhes das denúncias.

Agnès Buzyn deixou o governo em fevereiro, antes das eleições municipais. Philippe apresentou sua demissão no último dia 3, como parte de uma renovação no governo de Emmanuel Macron. No mesmo dia, o procurador-geral da Corte de cassação, François Mollins, anunciou a abertura do inquérito. No dia 7, a investigação foi oficialmente aberta.

Em um comunicado à agência de notícias AFP, o ex-primeiro-ministro informou vai prestar todas as informações necessárias.

Phillippe foi substituído por Jean Castex, membro do governo que estava encarregado do processo de reabertura no país, após flexibilização das medidas restritivas impostas em função da pandemia.

Em relação ao uso da cloroquina, em maio, a França chegou a cancelar um decreto que permitia que médicos de hospitais recomendassem o medicamento.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) já afirmou que não há qualquer evidência científica de que a cloroquina e seus correlatos tenham eficácia contra o novo coronavírus.

Até ontem, a França contabilizava 173.838 casos da doença e 30.138 mortes, de acordo com dados oficiais do governo.

*Com informações de agências internacionais

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