Vídeo de Bolsonaro para curso que exalta violência é anterior à Presidência
Um vídeo gravado em 2018 pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) direcionados a alunos da AlfaCon, uma escola preparatória para aspirantes a policiais militares e federais, voltou a circular na última semana após o fundador do local repostar a mensagem em suas redes sociais.
Na gravação, Bolsonaro diz: "Olá, estudantes da AlfaCon. Vocês que estão se preparando para esse concurso da Polícia Federal: Boa sorte, hein. Não é impossível, não. É difícil, e nós acreditamos em você. Estamos juntos e, ano que vem, vou dar posse para todos vocês. Valeu". O vídeo é verdadeiro, mas antigo e foi editado.
A gravação original ocorreu em julho de 2018, quando Bolsonaro ainda era candidato a presidente. A escola preparatória e o fundador, Evandro Guedes, repostaram o vídeo, em 22 de outubro deste ano, com uma edição que mostra que há 4.000 vagas para policiais federais e policiais rodoviários federais em aberto.
Também em julho de 2018, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do então candidato, participou de uma aula do curso e afirmou que bastariam "um cabo e um soldado" para fechar o STF (Supremo Tribunal Federal). A declaração teve grande repercussão.
Depoimento de professores em aula
A AlfaCon tem uma unidade em São Paulo e duas no Paraná. Além dos vídeos de Jair e Eduardo Bolsonaro, também repercutiu na última semana, nas redes sociais, outros dois vídeos, que já haviam sido publicados pelo site Ponte Jornalismo entre 2018 e 2019, que mostram instrutores da escola confessando práticas de tortura.
No primeiro, aparece o ex-capitão da PM paulista Norberto Florindo Júnior, que foi exonerado da corporação em 2009, se tornou advogado e professor de Direito. Na escola, ele é conhecido como Professor Caveira. Ele se orgulha em dizer, no vídeo, que, quando participava de chacinas, matava a todos, incluindo mulheres e crianças.
"Trabalhei 27 anos na periferia. Ninguém trabalhou mais na polícia nesse AlfaCon do que eu (...). Quem mais matou fui eu. Quem mais torturou fui eu (...). Uma vagabunda criminosa só vai gerar o quê? Um vagabundinho criminoso, só isso que vai gerar. Por isso quando eu entrava chacinando, eu matava todo mundo: Mãe, filho, bebê, fod*-**. Eu já elimino o mal na fonte. Vou deixar o diabo crescer? Não", diz, orgulhoso.
No segundo vídeo, Evandro Guedes, fundador da escola, ex-agente penitenciário federal e ex-PM no Rio de Janeiro, afirma que policiais federais rodoviários podem fazer uso de seus distintivos para "entrar em puteiros de graça". "Evandro, você já bateu em muita gente? Já, inclusive nas putas. Eu entrava e tomava todo mundo borrachada", disse.
"Evandro, você era muito violento na Polícia Militar? Muito violento. Evandro, você pegou dinheiro? Nunca, sempre fui honesto pra caraca. Mas porrada sobrou, irmão. Eu dei porrada em todo mundo: Homens, mulheres, crianças, velhos e adolescentes, todo mundo tomou", acrescentou.
No mesmo vídeo ele narra que, trabalhando em dia de jogo no estádio do Maracanã, certa vez, um "favelado" atirou xixi contra ele na lata de refrigerante. "Mijo de favelado. Aquela criolada todo mundo rindo." Na sequência, ele disse que o capitão autorizou os PMs a bater em todo mundo que estava na região da pessoa que atirou a lata contra ele.
"Que delícia. Ali que eu descobri que eu gosto de bater nas pessoas. E ponto. É uma coisa que eu gosto de fazer e tive que me controlar por anos para não dar merda. Mas eu gostava de ser policial, cara", afirmou.
Procurados, AlfaCon, Norberto Florindo Júnior e Evandro Guedes não se manifestaram até a publicação desta reportagem.
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