Posts citam morte de Tarcísio Meira para distorcer eficácia de vacinas
Circulam em redes sociais desde a manhã de hoje (12) postagens enganosas associando a morte do ator Tarcísio Meira à suposta ineficácia de vacinas contra a covid-19, em especial a Coronavac, feita pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório Sinovac.
Tarcísio morreu em decorrência da covid-19 mesmo após ter tomado duas doses de vacina contra a doença. O Hospital Albert Einstein, onde ele estava internado desde o dia 6 de agosto, declarou em nota não fornecer detalhes sobre a vacinação em respeito ao sigilo do paciente.
Uma reportagem publicada hoje por VivaBem, o canal de saúde e bem-estar do UOL, explica que mortes por covid-19 após a vacinação são raras. Segundo dados da USP (Universidade de São Paulo) e da Unesp (Universidade Estadual Paulista), pessoas completamente imunizadas representam apenas 3,68% das mortes por covid-19, mas que este percentual pode chegar a 8,8% entre maiores de 70 anos — caso de Tarcísio, 85 anos.
Casos como este não têm relação com a marca do imunizante que a pessoa recebeu e não significam que as vacinas não funcionam. Idade, comorbidades e condições médicas específicas podem agravar os quadros da doença mesmo após a imunização completa. Entre os idosos, por exemplo, é comum que o sistema imunológico sofra um declínio natural de suas funções com o avançar dos anos.
Apesar de todas essas informações, o UOL Confere identificou uma série de posts com centenas de interações (curtidas e compartilhamentos) no Twitter, Facebook e Instagram colocando em dúvida, de forma geral, a eficácia das vacinas contra covid-19 por causa da morte de Tarcísio Meira.
Ataques sem contexto à Coronavac
Alguns usuários de redes sociais também lembraram o anúncio feito em janeiro pelo Instituto Butantan de que a Coronavac tinha 100% de eficácia contra casos graves da covid-19, sem dar o significado completo do dado.
Este percentual foi determinado a partir de um estudo feito com cerca de 13 mil profissionais de saúde. Metade do grupo tomou a Coronavac. Dentro do grupo vacinado, 85 foram infectados pelo coronavírus, e nenhum deles teve uma forma grave da covid-19; daí o percentual anunciado de 100% de eficácia contra casos graves.
Existem outros estudos mais recentes sobre a Coronavac, com resultados variados. Em maio, um estudo preliminar — ou seja, ainda não havia sido revisado por pares — mostrou que a eficácia da Coronavac cai conforme a idade. À BBC Brasil, o Butantan questionou a metodologia do estudo, afirmando que ele foi feito de forma precoce, antes de a vacinação ter avançado entre um número maior de idosos.
Uma outra pesquisa, divulgada em junho, apontou que a Coronavac era a vacina que mais evitava mortes de pessoas infectadas pelo coronavírus.
Em julho, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) divulgou nota técnica mostrando a efetividade da Coronavac para a redução de casos de internação e morte por covid-19 entre idosos. Após as duas doses, os índices de efetividade foram de 79,6% de 60 a 79 anos, e 68,8% acima dos 80 anos.
Também no mês passado, um outro estudo ainda não revisado por pares apontou que a Coronavac estava associada a uma redução de internações e mortes por covid-19 entre pessoas com mais de 70 anos.
*Colaborou Leonardo Martins, do UOL em São Paulo
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