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É falso que Dom e Bruno estavam em terra indígena quando desapareceram

15.jun.2022 - Não é verdade que jornalista e indigenista estavam em terra indígena - Arte/UOL
15.jun.2022 - Não é verdade que jornalista e indigenista estavam em terra indígena Imagem: Arte/UOL

Isabela Aleixo

Do UOL, em São Paulo

15/06/2022 19h00

É falso que o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips estavam dentro da Terra Indígena Vale do Javari (AM) quando desapareceram no dia 5 de junho. A informação foi desmentida pela Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari). Circulam nas redes sociais diversas publicações que afirmam que o indigenista teria entrado na terra indígena sem autorização, o que foi contestado pela organização para o qual ele prestava consultoria técnica.

O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Marcelo Xavier, afirmou que a dupla não tinha autorização para entrar na terra indígena. Posteriormente, após matéria do Jornal Nacional mostrar documentos que revelavam que Bruno Pereira tinha autorização, a Funai disse que a permissão para o ingresso do indigenista na terra indígena estava vencida desde o dia 30 de maio de 2022, e que não havia solicitação de autorização no nome do jornalista Dom Phillips.

Mas segundo a Univaja, Dom e Bruno não ultrapassaram os limites da terra indígena. Em comunicado, a organização afirma que Bruno Pereira saiu da região antes do prazo de validade da sua autorização, porque se encontrou com Dom Phillips no dia 31 de maio em Atalaia do Norte (AM) fora dos limites da terra indígena, e que o percurso da dupla entre da cidade e o Lago Jaburu ocorreu fora da área demarcada. Além disso, a organização afirma ainda que Dom Phillips não tinha intenção de entrar na terra indígena.

A ata de uma reunião da "sala de situação nacional" criada no âmbito da ADPF-709 e realizada virtualmente no dia 10 de junho, revela que, ao ser questionado por representantes do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) se os desaparecidos chegaram a entrar em área indígena, o representante da Funai disse que "não há notícia que eles tenham ingressado em território indígena". O documento foi divulgado pela CNN.

Além disso, atendendo a pedido da Defensoria Pública da União (DPU), a Justiça Federal determinou que a Funai não adote "atos tendentes a desacreditar a trajetória do indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira e do jornalista Dom Phillips", e que a "nota de esclarecimento" publicada no site da fundação seja retirada do ar "por conter afirmações incompatíveis com a realidade dos fatos e com os direitos dos povos indígenas". Até às 18h desta quarta-feira (15), a nota ainda estava no site oficial da Funai. A decisão diz ainda que a presidência da Funai deve se abster de "praticar qualquer ato que possa ser considerado atentatório à dignidade dos desaparecidos ou que implique em injusta perseguição à Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari)" ou aos servidores da Funai.

Bruno e Dom desapareceram fora da área da reserva no trecho do rio Itaquaí, entre a comunidade de São Rafael e a sede do município de Atalaia do Norte. O jornalista britânico tinha ido à região entrevistar lideranças indígenas para um livro que estava escrevendo chamado "Como salvar a Amazônia?".

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