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É falso que TSE enviou funcionário a estúdio para censurar Jovem Pan

20.out.2022 - TSE não enviou censor aos estúdios da Jovem Pan - Arte/UOL sobre Reprodução/Facebook
20.out.2022 - TSE não enviou censor aos estúdios da Jovem Pan Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/Facebook
Isabela Aleixo e Pedro Vilas Boas

Colaboração para o UOL

20/10/2022 19h19Atualizada em 20/10/2022 19h19

É falso que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tenha enviado um funcionário para censurar as falas dos comentaristas do programa Pânico, da Jovem Pan, em edição transmitida ontem (20).

O que diz o post? O vídeo com conteúdo falso compartilhado no Facebook mostra um homem filmando a tela de um computador enquanto acompanha a transmissão do programa Pânico.

O autor da gravação diz: "O cara do TSE fica rondando a Jovem Pan, ao vivo isso. Tem cinco palavras que eles não podem falar. Que barbaridade. A censura chegou. Olha lá, pegando a folha, vendo o que está falando".

Apuração. Por meio de nota, o TSE negou que tenha enviado um funcionário à emissora. "O homem que aparece nos estúdios da Jovem Pan não trabalha no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e nos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs). Também não é verdade que o trabalho executado pela emissora foi "censurado" ou que a Justiça Eleitoral tenha enviado qualquer profissional para controlar os conteúdos divulgados pelo veículo de comunicação".

A Corte também informou que o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, encaminhou o caso ao MPE (Ministério Público Eleitoral) para apuração.

Em nota enviada ao UOL Confere, a assessoria de imprensa da Jovem Pan disse que a presença do homem no estúdio foi um "protesto" organizado pelo próprio programa. "É um programa de humor que usa de tais instrumentos para manifestar sua posição crítica."

Comentários ofensivos. Nesta semana, o TSE determinou, em três decisões, que o grupo Jovem Pan conceda direito de resposta ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por causa de declarações de comentaristas da emissora consideradas distorcidas ou ofensivas ao petista. Segundo a Justiça Eleitoral, a empresa deve se abster de promover novas inserções e manifestações que digam que Lula mente sobre ter sido inocentado.

Para o ministro Alexandre de Moraes, "é evidente a veiculação de informação inverídica tendente a desinformar a população acerca do desfecho dos processos criminais" envolvendo Lula, argumentou o magistrado.

Insistência em afirmações falsas. A Corte também abriu uma investigação eleitoral a pedido do PT para que seja apurado se a emissora tem tratado Lula com falta de isonomia em relação ao presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com o ministro Benedito Gonçalves, corregedor eleitoral, os comentaristas "persistem" na divulgação de afirmações "falsas": "É possível constatar da leitura dos trechos e do acesso aos vídeos que, em um efeito cíclico, os comentaristas da Jovem Pan não apenas persistem na divulgação de afirmações falsas sobre fatos (coisa que difere da legítima opinião que possam ter sobre a realidade), como somente se mostram capazes de 'explicar' as decisões a partir de novas e fantasiosas especulações, trazidas sem qualquer prova, de que haveria uma atuação judicial favorável um dos candidatos".

Rádio se diz 'sob censura'. Em editorial, a Jovem Pan afirmou que está sob "censura". Internamente, a emissora enviou uma ordem aos comentaristas para que se abstenham de utilizar termos ofensivos contra o petista. Segundo o colunista do Splash UOL Fefito, a orientação do jurídico da emissora foi de que os funcionários evitassem os termos "ex-presidiário", "descondenado", "ladrão", "corrupto" e "chefe de organização criminosa".

Segundo as decisões, para cada reiteração de comentários tidos como ofensivos pela Corte haverá multa de R$ 25 mil. O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, também aceitou um pedido da campanha de Lula para que seja investigada a conduta do grupo por suposta promoção de Bolsonaro.

O UOL Confere considera como falso os conteúdos que não têm amparo em fatos e podem ser desmentidos de forma objetiva.

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